
Na reação à morte de Aurélio Pereira, de 77 anos, um dos homens fortes da formação e observação do Sporting durante várias décadas, vários dirigentes prestaram declarações a Record e é unânime a opinião de que parte alguém que deixou uma marca fulcral no clube. Filipe Soares Franco, presidente dos leões entre 2006 e 2009, lembrou o seu papel na conceção da academia do clube, em Alcochete, hoje chamada de Academia Cristiano Ronaldo.
"O Aurélio foi um dos pais da Academia. Aliás, ainda antes da Academia ser o que é hoje, ele já tinha uma estrutura montada e uma grande equipa espalhada por este país, que descobria jogadores em todos os cantos. Por isso, o nome dele ficará para sempre ligado à formação do Sporting. Além disso, é bom recordar que foi ele e a sua equipa quem descobriu o Cristiano Ronaldo", afirma Soares Franco, que aborda ainda outra faceta de Aurélio: "Era um homem com um excelente sentido de humor e de ótima convivência. Foi um grande homem e vou recordá-lo sempre com grande saudade."
Sousa Cintra, que liderou o Sporting entre 1989 e 1995, recordou o "seu grande amigo", que era um "fora de série" na sua profissão e como pessoa.
"Partiu um grande amigo meu, um grande amigo do Sporting e uma grande figura do nosso país. Foi um homem excecional em todas as vertentes e um verdadeiro fora de série. Ainda tinha almoçado com ele há umas semanas, já estava bastante doente. Fiquei muito transtornado com a notícia de hoje e todos os que o conheceram e privaram com ele de certeza que também ficaram porque era uma pessoa excelente. E o trabalho que desenvolveu na observação foi fenomenal: tinha uma leitura dos jogadores como eu nunca vi. O Sporting vai ficar-lhe eternamente grato", declarou o empresário algarvio.
Artur Torres Pereira, presidente interino do Sporting em 2018, após a destituição de Bruno de Carvalho, diz que, com a partida de Aurélio Pereira, morre também uma forma revolucionária de pensar o futebol.
"Não costumo comentar a vida do Sporting mas este e um caso à parte. Com a morte do Aurélio há algo mais que morre. É a conceção de um futebol que ele defendia, baseada na educação e formação dos jovens, numa abordagem muito pedagógica e valorativa das capacidades dos jogadores que também está de luto. Assim, perdemos o maior artífice desta abordagem, numa altura em que a formação é cada mais agressiva para os jovens. Por isso hoje, acima de tudo é um dia de luto para o futebol, mais do que somente para o Sporting."