"O Mundial não é só sobre estádios. É sobre estádios, campos de base, centros de treino e alojamentos. Esperamos que os vários atores envolvidos invistam 540 ME para renovar os 11 estádios", anunciou Maria Tato, representante da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) no comité executivo do Mundial2030.

A responsável discursava no primeiro Congresso Mundial do Desporto, realizado na terça-feira no Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha (INEFC), em Espanha, realçando que o país já tem 60% dos estádios que vão receber jogos do Campeonato do Mundo prontos.

"A cinco anos do Mundial, temos 60% dos estádios em oferta totalmente operacionais e com capacidade para receber jogos do Mundial", assinalou Maria Tato.

No total, foram estrategicamente selecionados 11 locais e 45 sublocais que devem ser renovados para garantir as condições ideais dos campos de treino, além de oferecerem instalações para os meios de comunicação social e para as equipas.

Além disso, a infraestrutura hoteleira e de alojamento para as comitivas oficiais será reforçada.

Os 11 estádios estão distribuídos por nove cidades-sede (Madrid, Barcelona, Sevilha, Málaga, Bilbau, San Sebastián, Corunha, Las Palmas e Saragoça) e foram escolhidos numa avaliação que teve em conta aspetos como o projeto técnico, a operação, o financiamento, a estrutura e a sustentabilidade.

"Um dos valores que a FIFA mais prezou é a sustentabilidade do próprio estádio", vincou Maria Tato.

O montante de 540 ME avançado em Espanha é muito superior ao investimento diretamente atribuível à prova, em estádios e centros de treino, que deverá ascender a 10 ME, segundo os cálculos revelados em dezembro último pela consultora PwC.

Por cada euro investido em infraestruturas desportivas, será gerado um retorno de cerca de 8,5 euros em bem-estar, refletindo o impacto transformador do evento na coesão social, no orgulho nacional e na perceção de Portugal como um país unido e hospitaleiro", realçou na altura a empresa.

Miguel Cardoso Pinto, partner da consultora EY, tinha já destacado em entrevista à Lusa, também em dezembro de 2024, sobre o impacto económico da participação de Portugal na organização do Mundial2030, que o investimento de Espanha e Marrocos seria substancialmente superior ao luso.

"São dimensões e realidades completamente dispares. Até dado o 'timing, neste caso, os nossos companheiros nesta campanha, quer Espanha, quer Marrocos, mas Espanha sobretudo - apesar de ter grandes estádios - apanhou uma fase em que alguns estádios realmente estavam a necessitar de grandes intervenções e as mesmas estão em curso. Quer no Barnabéu, onde houve um grande investimento, quer em Camp Nou, que também necessitou de um grande investimento. Ou seja, nesse aspeto, Espanha vai gastar mais, mas também estava mais atrasada do que Portugal nesse campo", sublinhou Miguel Cardoso Pinto.

A organização do Mundial2030 em Portugal, Espanha e Marrocos foi ratificada em 11 de dezembro de 2024 no Congresso da FIFA, numa competição que também passará pela América do Sul, nomeadamente por Argentina, Paraguai e Uruguai, que irão acolher três partidas da fase final, como forma de celebrar o centenário da competição, cuja primeira edição decorreu no Uruguai, em 1930.

Portugal, que recebeu o Euro2004, vai organizar pela primeira vez o Campeonato do Mundo, tal como Marrocos, que repete em 2025 o estatuto de anfitrião da Taça das Nações Africanas (CAN) estreado em 1988, enquanto a Espanha já albergou o Euro1964 e o Mundial1982.

Os três estádios portugueses que vão acolher jogos do Mundial2030 serão o Estádio da Luz, o Estádio José Alvalade, ambos em Lisboa, e o Estádio do Dragão, no Porto.

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