
Pablo Felipe Pereira de Jesus, o nome do carrasco do Boavista neste momento. Esperança, crença, vontade e capacidade. O avançado brasileiro levou quase tudo. O Gil Vicente deslocou-se ao Estádio do Bessa e com um hat-trick do jogador de 21 anos, complicou - e muito - a vida dos axadrezados.
«E Tudo o Vento Levou» é o título original do romance de 1993 que funciona como inspiração para o sucedido nesta dolorosa noite na cidade do Porto. Ou não tivesse o destino das panteras ficado praticamente traçado com esta derrota.
Empurrados pelo Bessa
Encontro importantíssimo para a «luta pela sobrevivência» na Liga Portugal Betclic, mas com duas perspetivas muito diferentes à entrada para o duelo.
O Boavista a precisar desesperadamente de vencer para não se afundar ainda mais na tabela classificativa e um Gil Vicente que queria muito voltar às vitórias para poder fugir ao lugar de playoff.
Lito Vidigal e César Peixoto decidiram surpreender nos onzes utilizados: Seba Perez e Robert Bozenik no lado axadrezado e Sergio Bermejo no lugar de Félix Correia nos gilistas.

Apesar do bom ambiente no Estádio do Bessa, a partida começou morna e sem lances perigosos, tanto de um lado como do outro. Os galos de Peixoto assumiram o controlo da posse, mas raras foram as vezes em que conseguiram capitalizá-la.
Com Pérez, van Ginkel, Reisinho e Vukotic no miolo, a turma da cidade invicta mostrou - a espaços - que também sabia tratar o esférico por «tu». É assim que nasce o maior lance de perigo da primeira metade.
Abascal recebeu e abriu à esquerda para a entrada de Kurzawa. O lateral francês cruzou com conta, peso e medida em direção à cabeça de Moussa Koné. Andrew aplicou-se e defendeu o cabeceamento a dois tempos.
Antes disso, destaque para um lance idêntico na área contrária e onde Pablo respondeu da melhor forma ao cruzamento de Sandro Cruz. Valeu Vaclik ao Boavista. Tudo empatado na saída para os balneários.
Assim fica complicado
O regresso do descanso trouxe duas equipas mais verticais, a deixarem o jogo partir e a assumirem o risco, mas nada fazia antever o desenrolar dos acontecimentos até ao apito final de Carlos Macedo.
Canto para o Gil aos 55', Lito Vidigal pede «concentração» à sua equipa e... golo de Pablo. Desatenção total no ataque ao primeiro poste e o filho de Pena - antiga lenda do FC Porto - a marcar o primeiro golo no campeonato desde que havia faturado precisamente frente aos dragões.
O cronómetro não tinha corrido nem um minuto e já o avançado brasileiro voltava a fazer abanar as redes da baliza de Vaclik. Desconcentração inexplicável da turma axadrezada. Fujimoto recuperou o esférico, entregou-o a Pablo que, com um remate rasteiro, fez o 0-2.

Perante os quase 5000 adeptos impávidos e desacreditados - dado o que sucedera nos dois minutos anteriores - o Boavista tentou desesperadamente chegar-se à frente nos minutos seguintes. Resultado? Contra-ataque do Gil e Hat-trick de Pablo.
Sem esperança e com o fantasma da descida inamovível do subconsciente de todos os intervenientes do lado do Boavista, as coisas descambaram na reta final do encontro - expulsões e confusão - e nem o golo de Bozenik, dos onze metros e no último suspiro, serviu para confortar a alma axadrezada.
Ao Boavista resta agarrar-se à calculadora e fazer um final de campeonato milagroso, enquanto o Gil Vicente passa agora a respirar melhor na luta pela manutenção.