O futebol português tem coisas muito características. As quedas, as perdas de tempo, os protestos, etc. No sentido inverso, também tem uma excelente organização e, não é totalmente errado, quando se diz que Portugal tem, em termos de quantidade, os melhores treinadores do mundo. Este domingo, na partida entre o Moreirense e o Farense, viu-se isso. Equilíbrios, criação de espaços e organização. Porém, há uma outra característica no jogo luso que é a falta de qualidade individual e isso também se viu no jogo desde domingo.

Moreirense e Farense foram bem treinados. Bem preparados e, na maior parte do tempo, os jogadores cumpriram o que lhes foi pedido. O grande problema, de um ponto de vista do adepto e do espetáculo, é que sempre que houve um lance que requereu «arte», ela não apareceu.

Esse foi mesmo o problema de um jogo bem disputado, que teve momentos de parada e resposta, mas que terminou num nulo, que deixará os dois treinadores a pensar que podiam ter levado mais dois pontos se tivesse havido...arte.

A equipa da casa foi mais dominante, porque o quis ser. O Farense ficou confortável numa postura mais expectante, especialmente após perceber que a sua linha de cinco a defender estava demasiado sólida para a falta de inspiração adversária. Essa falta de inspiração (das duas equipas) fez com o perigo nos primeiros 45 minutos viesse sempre nas bolas paradas, com a exceção de um remate de fora da área de Gabrielzinho.

No perigo das bolas paradas, há que destacar Rúben Ismael, do Moreirense, que falhou um golo quase feito, num lance em que apareceu completamente sozinho ao segundo poste.

Melhorou, mas...

@Catarina Morais / Kapta +
A segunda parte trouxe mais ritmo e lance jogados de maior perigo. A isso ajudou o cansaço e a muita chuva que caiu nos segundos 45 minutos. O Farense parecia capaz de criar perigo no contra-ataque, mas o certo é que havia sempre alguma coisa que corria mal. A tal falta de arte... Os comandados de César Peixoto queriam encostar o adversário à sua área, mas faltava a qualidade para o fazer.

A segunda parte tem dois lances que merecem ser destacados. Primeiro, no melhor momento do jogo, Pedro Santos apareceu isolado perante Ricardo Velho, mas não perdeu o duelo com o guardião (lance motivou a marcação de uma grande penalidade, que viria a ser revertido após uma ida ao VAR). O outro, na outra área, pode ser o poster deste jogo. Alex Millán, com todo o espaço do mundo, respondeu a um cruzamento na esquerda e a cabeçada ficou...para trás.

O nulo ajusta-se e certamente agrada mais ao Farense, ainda que os algarvios fiquem ainda nos lugares vermelhos da classificação. O Moreirense podia ter aproveitado para pressionar o vizinho, mas...faltou qualidade.