
Uma das testemunhas da 14.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano, que decorreu na manhã desta segunda-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto, foi Marco Costa, Comissário da PSP na Invicta. O agente não esteve na Assembleia Geral de novembro de 2023 que deu origem a todo o processo, mas falou da relação entre o clube e as forças da autoridade.
"Nesta Assembleia Geral não tive grandes contactos, apenas com o diretor de segurança do FC Porto, sobre como seria a Assembleia Geral. Não tenho grande memória sobre isso, a minha obrigação neste caso era ter informações para ser a linha direta com o Comandante [da PSP]. É muito normal estarmos por dentro das preocupações do clube, que tem uma influência grande no Comando do Porto. Tínhamos a perceção de que poderia haver problemas. Tinha a ver com o facto, porque tínhamos já um candidato anunciado que podia mudar alguma coisa no FC Porto. Havia muitos adeptos que não estavam interessados e que podia haver alguma contestação", disse.
Apesar da perceção de uma "divisão muito grande entre os adeptos", com a "maior parte a apoiar, na altura, Pinto da Costa", o agente admitiu que "havia pouca informação sobre quem apoiava André Villas-Boas". Assim, a PSP tinha "a perceção de que ia haver adeptos com ideias diferentes na Assembleia." "Não tive contacto direto com o Fernando Saul. No meu serviço temos pessoas que, diretamente, tratavam com os adeptos. Fernando Saul falaria com o agente responsável pela comunicação do FC Porto. Se teria falado nesta AG? Não tenho a certeza", afirmou.
Parte importante desta análise advém do trabalho feito junto de adeptos pelas forças policiais, tanto ao nível pessoal como de monitorização das redes sociais. "Falou com os adeptos? "Não só eu, o meu trabalho é em equipa. Falámos com adeptos, e eu também faço os jogos. Cheguei a falar. O que me transmitiram? Havia uma ideia de mudança, havia André Villas-Boas, que podia mudar o paradigma do clube. Tínhamos muitos adeptos, aliás, ligados à presidência do FC Porto, que podiam fazer o que aconteceu na Assembleia", disse, confirmando a monitorização das páginas digitais decidadas aos dragões: "Fazemos a revisão e a leitura de muitas redes associadas ao clube, de núcleos, claques e adeptos. Se fiquei com a ideia segura de que eram os Super Dragões? Não tirei essa ideia precisamente."
Sobre o facto da PSP não ter entrado no Dragão Arena e intervido sobre as cenas de violência deu conta do seu desconhecimento: "Não sou eu que tomo as opções táticas, mas era um evento privado, capaz de gerir a sua segurança. A PSP estava no exterior pronta a atuar. Se ninguém chamou? Não sei responder, não estive lá."