
Que a Liga 2 é, por natureza, um campeonato extremamente competitivo e com emoção a rodos já não é surpresa para ninguém. Mas com mais ou menos surpresa, todas as épocas vão prosperando no segundo escalão nacional goleadores que dão uma ajuda preciosa para que as respetivas equipas que representam possam manter em aberto os objetivos a que se propõem. Independentemente do horizonte traçado no início de cada temporada.
Neste Talento sem Limites – nova rubrica de A BOLA (que será publicada todas as terças-feiras) em estreia hoje, que dá palco a jogadores que se destaquem, principalmente, na Liga 2 e na Liga 3, e que tem também como essência a descodificação tática dos elementos que neste espaço vierem a pontificar – vamos analisar quatro goleadores. E nem todos são pontas de lança…
Comecemos por Juan Muñoz. O número na camisola não engana: 9. É de matador. Formado no Sevilha – contabilizou 12 jogos (dois golos) pela equipa principal dos andaluzes, podendo gabar-se de ter conquistado por duas vezes a UEFA Europa League (2014/2015 e 2015/2016) -, representou, depois, Saragoça, Levante (vencedor da segunda divisão espanhola, na época 2016/2017), Almería, Alcorcón e Leganés. Rumou, no ano transato, à Polónia, para representar o Zaglebie Lubin, chegando na presente campanha a solo lusitano para a sua segunda experiência fora de portas. E assentou que nem uma luva nos leirienses.
O avançado espanhol, de 29 anos, já leva 11 golos (uma assistência) em 25 jogos e na jornada deste fim de semana apontou o primeiro hat trick na carreira – está a apenas quatro tentos de consumar o melhor registo individual de sempre, sendo que, caso alcance essa marca, supera os 14 golos que havia apontado pelo Sevilha B (2014/2015) e pelo Alcorcón (2018/2019). Além do faro pelo golo, é também inteligente na movimentação sem bola, algo que lhe permite fugir das marcações contrárias e jogar muitas vezes em apoios frontais, fora da área. Foi um verdadeiro reforço para o conjunto da cidade do Lis, que ainda sonha com a subida.
Heinz Morschel. Em Vizela mora um internacional dominicano – esteve nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024 – que equilibra na intermediária e que tem critério na posse e no passe. A isto junta… golo(s). Forte também nas bolas paradas (este domingo bisou na conversão de um livre direto, primeiro, e de um penálti, depois), contabiliza já oito tentos e duas assistências, números que ajudaram a potenciar os minhotos na luta pela promoção. Formado no Mainz, passou por vários clubes alemães e nas duas últimas épocas esteve nos húngaros do Újpest. Aos 27 anos está em ponto de rebuçado.
Manuel Pozo. Não é brincadeira de Carnaval. É mesmo uma das figuras prementes de Torres Vedras. O jovem avançado espanhol, de 23 anos, tem sido uma das notas de maior destaque do Torreense, encontrando no Oeste o espaço ideal para dar continuidade a um percurso até agora apenas trilhado no seu país natal – Calavera, Betis, Covadonga, Gijón e Valladolid. Voltou a picar o ponto nesta ronda e são já 11 assinaturas de golo em 2024/2025. O esquerdino tem uma tremenda facilidade em movimentar-se no último terço ofensivo, baralhando as marcações contrárias, caraterística à que junta a potência e colocação de remate, algo que lhe tem permitido ser feliz. Vai continuar a progredir na carreira…
Moshood. Não se assustou com o mar revolto da Póvoa em pleno (e rigoroso) Inverno e promete vir a dar muito que falar. Ainda menino (21 anos), o ponta de lança nigeriano tem catapultado os poveiros para outra dimensão e a Liga 3 começa a ser pequena para a sua qualidade. Rápido no ataque à profundidade e com enorme sentido de baliza, o jovem africano, que está emprestado pelo Leixões (clube que o descobriu há três temporadas no Remo Stars, da Nigéria), leva nove golos marcados e a sua veia goleadora acalenta a esperança dos adeptos do Varzim para o regresso aos campeonatos profissionais.