A Polícia Judiciária (PJ) está a fazer buscas na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), no âmbito da operação “Mais-valia”. Há suspeitas de corrupção, recebimento indevido de vantagem, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada.

Ao que a SIC apurou, as buscas têm como objetivo recolher informação relacionada com negócios imobiliários durante o mandato de Fernando Gomes e Tiago Craveiro. No entanto, a dupla não é visada na investigação, segundo o diretor nacional da PJ, Luís Neves.

Duas pessoas - um empresário e um ex-secretário geral da FPF - foram constituídas arguidas.

Venda da antiga sede da FPF sob suspeita

O diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, diz que em causa está “a venda da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol".

“No decurso da investigação foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda da antiga sede pertencente à Federação Portuguesa de Futebol, na Rua Alexandre Herculano, nº58, Lisboa. O imóvel foi vendido por onze milhões duzentos e cinquenta mil euros”, informou a PJ, em comunicado.

A SIC sabe que há uma contradição no que diz respeito ao valor da antiga sede da federação, que justifica o nome da operação “Mais-valia”. Segundo o Relatório e Contas da FPF em 2017/18, o edifício tinha sido vendido por 3.9 milhões de euros. Sabe-se agora que, afinal, custou mais de 11 milhões.

Fernando Gomes e Tiago Craveiro não são arguidos

Foi o próprio diretor nacional da PJ quem, em declarações aos jornalistas já no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, que declarou que o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) Fernando Gomes e Tiago Craveiro não são arguidos.

"Nenhuma das pessoas de que aqui falei são intervenientes nesta ação. Vim dar a cara, para que fique esclarecido que Fernando Gomes não tem de ficar diminuído na sua ação", declarou, à margem da tomada de posse de Gomes como presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

Luís Neves surgiu ao lado do antigo presidente da FPF Fernando Gomes e explicou aos jornalistas que este não é arguido na operação, bem como outro dos nomes avançados na comunicação social, Tiago Craveiro, ex-diretor geral do organismo.

"Para nós também não é agradável, num dia relevante para o país e o desporto, ter esta ação. O nosso trabalho percorre sempre o seu rumo. Há trabalho que já está calendarizado há muitas semanas, com muita gente envolvida", declarou.

20 buscas em Lisboa, Setúbal e Santarém

No total, foram efetuadas “20 buscas a pessoas singulares, coletivas e sociedades de advogados” nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

As diligências foram executadas por “65 Inspetores e 15 Especialistas de Polícia Científica da PJ, contando ainda com a participação de cinco juízes de instrução criminal, seis magistrados do Ministério Público e quatro representantes da Ordem dos Advogados”.

A investigação começou em 2021.