
O clube do Bessa, nono com mais presenças (62) e oitavo em jogos disputados (1.908) na I Liga, terminou a última época no 18.º e último lugar, com 24 pontos, a três do play-off de manutenção e a cinco da permanência direta.
A descida, consumada com uma derrota em Arouca (4-1), na 34.ª jornada, pôs fim a um ciclo de 11 presenças consecutivas no principal escalão, numa época que ficou marcada por instabilidade técnica, limitações financeiras e uma crise desportiva progressiva.
O Boavista teve três treinadores principais: Cristiano Bacci (até à 20.ª jornada), Lito Vidigal (com cinco derrotas em seis jogos) e o experiente Stuart Baxter, que assumiu nas últimas cinco jornadas. Pelo meio, o diretor técnico Jorge Couto orientou interinamente a vitória sobre o Rio Ave (2-0), na 28.ª jornada, em Paços de Ferreira.
Apesar de bater concorrentes diretos como Farense e AVS, a derrota caseira com o FC Porto na penúltima ronda ditou o regresso dos 'axadrezados' ao último posto, 'selado' na derradeira jornada.
Fora dos relvados, a situação agravou-se com o impedimento de inscrever reforços em cinco janelas de transferências devido a dívidas, situação desbloqueada após o mercado de inverno, mas reativada em março.
Embora tenha mantido salários em dia, ao contrário de épocas anteriores, o plantel revelou-se desequilibrado e frágil perante lesões ou suspensões.
Miguel Reisinho, com cinco golos de penálti, foi o melhor marcador de uma equipa sem soluções ofensivas constantes, que perdeu Bruno Onyemaechi em janeiro e viu os guarda-redes João Gonçalves e Luís Pires sofrerem graves lesões no mesmo treino.
Com o fecho do prazo de inscrição nas provas profissionais em 25 de junho, a SAD, presidida por Fary Faye desde 2023, não conseguiu apresentar as certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social.
O acionista maioritário, Gérard Lopez, terá tentado transferir 2,5 milhões de euros, mas os fundos não chegaram a tempo, deixando o clube fora da II Liga.
O hispano-luxemburguês, que já enfrentou cenários semelhantes com o Bordéus (França) e com o extinto Mouscron (Bélgica), gere o futebol do Boavista desde 2020 e terá investido, segundo a administração, cerca de 40 milhões de euros em cinco anos.
O Processo Especial de Revitalização (PER), que pretendia renegociar 166 milhões de euros de dívida, foi rejeitado em junho.
Fundado em 1903, o Boavista só começou a adquirir expressão nacional a partir da década de 1970, com a chegada do treinador José Maria Pedroto, que orientou as conquistas das duas primeiras Taças de Portugal.
A partir daí, cresceu em competitividade, tornou-se presença assídua nas provas europeias, com duas participações na Liga dos Campeões e uma meia-final da Taça UEFA, e alcançou o título de campeão nacional em 2000/01, feito único fora dos 'três grandes' desde 1946.
Agora, o histórico clube portuense (completa 122 anos em 01 de agosto) poderá regressar ao terceiro escalão pela primeira vez desde 2013/14, época anterior à reintegração administrativa na elite após a reversão da sanção imposta no processo Apito Final.
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