
O Benfica venceu o Tirsense na casa emprestada ao clube de Santo Tirso, por cinco bolas a zero.
Com golos de João Rego, Prestianni, Arthur Cabral, Schjelderup, e ainda um autogolo de João Pedro, as águias seguem para a segunda mão das meias finais da Taça de Portugal em vantagem.
Um resultado que, apesar de numericamente pesado, na verdade, não reflete a 200% aquilo que se passou no estádio Cidade de Barcelos. Mas vamos por partes.
Antes de mais, nunca será demais relembrar que o Tirsense foi a primeira equipa da quarta divisão do futebol português a chegar tão longe nesta competição, pelo que, só por si, já é de louvar. Tudo mérito da equipa jesuíta que venceu todos os jogos até chegar ao confronto com o primeiro classificado do campeonato, que já se adivinhava difícil.
Foi relembrado, por diversas vezes, e por ambos os treinadores, que as duas equipas tinham um diferencial muito grande em termos competitivos a separá-las. O que talvez ninguém estivesse à espera, até pela conferência de imprensa de antevisão de Emanuel Simões, é que o Tirsense até segurasse um resultado considerado aceitável, para alguns.
O ambiente no estádio era um claro reflexo do que é a festa da Taça. Milhares de adeptos vindos de Santo Tirso estiveram a apoiar a equipa durante os 90 minutos, ainda que os adeptos vermelhos e brancos se fizessem ecoar por Barcelos. Entre abraços e cumprimentos, viu-se esperança. E com razão.
O minuto de silêncio por Aurélio Pereira foi cumprido, e logo depois foi dado início à partida, com o Tirsense a ser o primeiro a chegar à pequena área do adversário. O ar deixou de existir nos pulmões dos adeptos jesuítas, mas foi apenas um susto.
Que, na verdade, se traduziu num pesadelo quando aos 16 minutos, é o banco benfiquista quem se levanta em celebração. Mas não por mérito próprio. Na tentativa de defesa de um pontapé de canto batido por Schjelderup, João Pedro, capitão da comitiva tirsense, acaba por cortar a bola diretamente para dentro da baliza, inaugurando o marcador para a equipa visitante.
Daí para a frente, a equipa “da casa” desmotivou bastante. No entanto, continuou a defender tal como se previa, e ainda se aproximou algumas vezes do terceiro terço do campo adversário, mas a desorganização e a pressão do Benfica pesaram como chumbo.

Ainda antes do intervalo, João Rego, jovem formado no Benfica, e primeira vez titular pela equipa principal, aumentou a vantagem, fazendo, também, o primeiro golo com o equipamento principal. Um jogador que pode vir a ser uma das maiores apostas de Bruno Lage até ao final da época.
O intervalo serviu para Emanuel Simões apertar com a equipa, e na segunda parte o Tirsense já parecia outro. Com as linhas defensivas muito mais definidas e com o meio-campo mais seguro, a bola passou mais tempo a ser chutada para fora do que dentro das quatro linhas.
Mas Bruno Lage queria mais. Com uma oportunidade perfeita, e uma vantagem ainda não muito segura, arriscou, aos 65 minutos, em duas mudanças na linha da frente. Substituiu o novato João Rego pelo (menos) novato Prestianni, e Amdouni por Arthur Cabral.
Foram precisos apenas três minutos. Prestianni, mesmo na entrada da área, remata a bola à baliza, e esta entra no canto superior direito, não dando hipótese a Tiago Gonçalves de defender.
O Tirsense começava a dar ares de cansaço e algum desânimo, mas ainda não tinha chegado o pior. Apesar do apoio das bancadas continuar inigualável, Arthur Cabral colocou a fasquia ainda mais alta, e o sonho do Jamor ainda mais longe.

Com uma vantagem de 4-0 aos 72 minutos, já ficava praticamente impossível dar a volta ao marcador.
O primeiro amarelo do jogo foi mostrado aos 80 minutos, a Giovanny Morais (Tirsense) após uma decisão clara do árbitro David Silva. Em termos de erros de arbitragem, é seguro dizer-se que não houve, praticamente, nenhum que definisse o destino do jogo.
O Tirsense ainda lutou, com as últimas forças que tinha, à pressão astronómica dos jogadores menos utilizados do Benfica. Mas estes mostraram que, talvez, os minutos deveriam começar a aumentar, uma vez que ainda houve tempo e espaço para o norueguês Schjelderup, assistido por outro marcador da partida, Prestianni, fechar contas com uma vantagem de 5-0 para as águias.

Tirando mais dois amarelos, um para cada lado, não houve muita mais ação no estádio que o Gil Vicente cedeu ao Tirsense, e os jesuítas seguem para a segunda mão com uma dificuldade ainda mais acrescida.
Vale o desempenho dos adeptos nas bancadas, que mostraram que, seja na quarta divisão, ou contra o atual líder da tabela classificativa, o apoio será sempre o mesmo.
A deslocação do Tirsense ao Estádio da Luz está marcada para dia 23 deste mês.