Caro leitor, se é um profundo apreciador de futebol, como acreditamos que é, aconselhamos que assista com atenção aos dois golos estorilistas apontados por Yanis Begraoui e Jandro Orellana. O primeiro vale pelo desenho ofensivo coletivo da equipa de Ian Cathro, com destaque para a extrema qualidade do passe de João Carvalho e o segundo pela forma como o espanhol bate na bola, num remate em vólei perfeitamente indefensável para Mistza. E isto já no período de compensação da partida, quando os adeptos canarinhos já mal diziam de sua vida após Tiago Morais ter empatado uma partida que, num largo período, esteve controlada pelos homens da casa.

E ainda voltariam a tremer os da casa, pois, pouco depois, Bekoulas, num golpe de cabeça, quase empatou a partida, o que teria um travo a injustiça, em virtude que é de realçar a reação vilacondense, muito por obra e graça de Tiago Morais, mas os canarinhos foram melhores.

Duas obras de arte que, afinal, se pintam a amarelo, cor de um sol da manutenção que se abriu para os da Linha de Cascais, que atingiram os 34 pontos suficientes para a permanência mas, face à qualidade apresentada, prometem ir por mais, tal como prometeu no final do encontro o escocês Ian Cathro, que passou de mal-amado na fase inicial da partida para uma relação intensa de empatia com os adeptos, construída, sobretudo, neste ano de 2025, em que os canarinhos ainda não conheceram o sabor amaro da derrota, o que não é pouco para uma equipa que mudou muito de uma época para a outra. E o Sporting que se cuide, pois é o próximo adversário dos amarelos na Liga.

O jogo começou em toada morna, com muita bola a meio-campo mas poucas oportunidades de golo, mas com as melhores oportunidades da partida a pertencerem ao Estoril, através de Begraoui, com um remate ao poste (23') e Pedro Amaral, aos 34 minutos, a dois metros da baliza rioavista, a colocar a bola numa nuvem alta.

Na segunda parte pouco ou nada se alterou e o encontro foi desbloqueado pelo golo de Begraoui. Petit mostrava-se inconformado, retirou André Luiz que se estava a apagar e colocou em campo Tiago Morais e, da direita para o meio, o antigo jogador do Boavista começou a lançar o perigo no último reduto estorilista, até empatar mesmo o encontro, numa bola que passou por baixo das pernas de Robles. Quando já tudo se apressava para o final, o também, entrado Orellana decidiu a partida, num dos golos, certamente, da jornada.

Reação dos treinadores

Ian Cahtro - Estoril

Gostei muito da qualidade e da atitude da equipa, que se apresentou dinâmica e com boa qualidade de posse. Depois de sofremos o empate foi preciso ir atrás do resultado e conseguimos a vitória, num resultado que também se deveu à forma como o público se conectou connosco. Com 34 pontos já atingimos a manutenção, mas tal como disse quando aqui cheguei, permanência é uma palavra que quero retirar do dicionário deste clube.

Nuno Pereira - adjunto do Rio Ave

O futebol saiu valorizado porque as duas equipas quiseram ganhar o jogo. Merecíamos algo mais pela forma como nos batemos mas só estamos insatisfeitos pelo resultado porque, de resto, a equipa demonstrou que continua num processo evolutivo. A expulsão de Petit? Apenas quero dizer que merecemos mais respeito

As notas do Estoril: Joel Robles (5); Boma (5), Pedro Álvaro (6) e Felix Bacher (5); Wagner Pina (6), Zanocelo (5),Holsgrove (6) e Pedro Amaral (5); João Carvalho (8); Begraoui (6) e Guitane (4); Fabrício Garcia (5), Orellana (6), Lacximicant (5) e Alejandro Marqués (—)

As notas do Rio Ave: Mistza (5); Vrousai (5), Ntoi (5), Nelson Abbey (5) e Omar Richards (4); Aguilera (4), Tiknaz (6) e Olinho (4); André Luiz (5), Clayton (5) e Kiko Bondoso (5); Tiago Morais (7), Bakoulas (5), João Graça (5), João Novais (—) e Zoabi (—)