Quando Pinto da Costa se tornou presidente do FC Porto, em 1982, ninguém imaginaria o sucesso desportivo que iria ter até aos dias de hoje, e que faz dele o presidente mais titulado do mundo no futebol. Projetou um clube regional e levou-o a patamares onde só estavam os melhores dos melhores, tornando o emblema da cidade invicta com mais títulos internacionais em Portugal. Mas tudo na vida tem um fim de ciclo, e o de Pinto da Costa chegou ao seu término em 2024, quando perdeu as eleições para André Villas-Boas.

A entrada do jovem presidente no reino do dragão foi vista como uma lufada de ar fresco para a nação portista, e romper com o passado era uma medida há muito anunciada, sem nunca esquecer o trabalho feito por Pinto da Costa durante 42 anos. André Villas-Boas já sabia que o FC Porto não respirava bem de saúde quando entrou, mas o que ainda não deve saber é que vai ter que trabalhar muito para voltar a colocar o clube no trilho do sucesso. E a coisa, para já, não está a correr bem.

As críticas começam a aparecer e já há quem o considere o pior presidente da história do FC Porto. A época que agora finda é para esquecer a todos os níveis, e a escolha de Martín Anselmi para treinador é chão que já deu uvas. Provou ser uma escolha precipitada num jovem treinador desconhecido para a maioria, e talvez agora André Villas-Boas esteja arrependido de ter despedido Vítor Bruno, que saiu do FC Porto a quatro pontos do primeiro lugar. No início de fevereiro, perdeu dois dos seus jogadores mais influentes, Galeno e Nico González, e a partir daí começou o descalabro com o técnico argentino ao leme da nau azul e branca.

É verdade que o encaixe de 110 milhões de euros pela venda desses dois jogadores deu para respirar melhor nas contas, mas a equipa ficou mais fraca. O FC Porto acabou o campeonato a vencer, muito por culpa do jovem craque Rodrigo Mora, que salvou os dragões em vários jogos, e evitou que a sua equipa acabasse em quarto lugar. A prestação no Mundial de Clubes foi o que se viu, e o FC Porto acaba a época de forma penosa. Com um plantel curto e sem dinheiro que se veja para investir num plantel capaz de ombrear com Benfica e Sporting na luta pelo título na próxima época, o futuro do FC Porto e de André Villas-Boas é agora uma incógnita.

Se por um lado há que gerar mais receitas com transferências, por outro, há o receio de perder novamente jogadores de qualidade, como Rodrigo Mora ou Samu, e correr o risco de contratar atletas que não sejam da mesma estirpe. É um dragão entre a espada e a parede, entre o vender e perder as suas jóias, e um presidente que vai denotando algum desnorte na condução da vida do clube. Martín Anselmi não chegou a aquecer o lugar e está a dias de sair do FC Porto. André Villas-Boas vira-se agora para o italiano Francesco Farioli, outro treinador jovem e sem currículo para apresentar.

Pinto da Costa deixou-nos no início deste ano, e deixou também um legado de 42 anos, que carrega um peso enorme para quem o fosse substituir. André Villas-Boas conquistou tudo no FC Porto como treinador, mas como presidente a história está a ser bem diferente daquela que escreveu em 2011. Se há grandes jogadores que não dão bons treinadores, começa também a parecer que grandes treinadores não dão bons presidentes. Se vai ser assim ou não, só o futuro dirá.