
À margem de um evento relacionado com a assinatura do protocolo para a construção da nova academia do FC Porto, André Villas-Boas, presidente dos azuis e brancos, deixou duras críticas ao estado atual do futebol português. Rui Costa e, sobretudo, Frederico Varandas foram alvos do descontentamento do dirigente portista. O líder máximo da turma da Invicta ainda comentou sobre outras temáticas, desde a centralização dos direitos à possível reformulação da Taça da Liga.
Ambiente no futebol português: «Chegou a altura do presidente da FPF dar um murro na mesa. Estamos perante grandes suspeições levantadas de corrupção ativa e passiva. As frases do presidente do Benfica levantam suspeições graves. Eu tenho avisado o presidente da FPF e ex-presidente da Liga que o facto de não ter condenado publicamente os atos de corrupção ativa, provados em sede de justiça, achava lamentável e podia levar à continuação de atos de suspeição no futebol português. Todo este clima não revela nada de bom.»
«Espera-se que o Conselho de Disciplina tenha uma mão severa contra o presidente do Sporting pelas declarações contra os árbitros, um em particular que errou em favor da sua equipa e tem feito várias vezes. Estou desapontado com a forma inerte, impávida e serena como a FPF assiste a todo este carnaval. O futebol português está podre, as instituições não estão colaborantes, os três grandes não estão sentados à mesa, há um choque grande entre presidente da FPF e Liga. Está na altura de Pedro Proença dar um murro na mesa relativamente às declarações que se estão a passar, que não podem passar impunes.»
A centralização dos direitos: «É por demais evidente que o mais normal é todos os clubes perderem valor relativamente ao que ganham em receitas audiovisuais. A centralização poderá trazer valorização aos clubes mais pequenos, mas é preciso um enquadramento específico do futebol português, onde os três grandes dominam 85% do mercado. Evidentemente não querem perder dinheiro, podem contribuir de outra forma, seja através da UEFA ou de valorização do produto. O futebol português não pode sobreviver com jogos com 500 ou 600 pessoas assistir ou que se jogam a quilómetros da sede do clube. Há várias discussões para ter à mesa. Ontem ficámos num nim em relação a tudo, vamos esperar mais 90 dias. Os clubes portugueses não têm de pedir ajuda ao Governo, mas estamos num total desacordo de ideias e entre os três grandes vive-se um total clima de crispação por total sobranceria e hipocrisia de alguns.»
O desinteresse na Taça da Liga: «Defendi a remoção, porque deixou de ter interesse. O presidente do Estrela da Amadora defendeu ser para os clubes pequenos e será uma excelente oportunidade para ver o que vale em termos de produto.»
Campanha aquém das expectativas: «O presidente do FC Porto não está satisfeito. São três anos sem vencer o campeonato, os adeptos estão para valorizar o desportivo e não os atos de recuperação financeira. Somos um clube vencedor, unidos para vencer, que tem uma sede de vitórias que nenhum outro tem e ficar em terceiro não é motivo de orgulho para ninguém, nem me vou escudar nestes passos. O desportivo é o nosso foco e para que isso melhore temos de investir na equipa e é isso que estamos a fazer. Queremos muito ir para o Mundial de Clubes reforçado, estamos a dar passos sólidos.»
Machadada nos rivais: «Benfica vai entrar em eleições e isso será um fator determinante. Ao nível de acusação em que as coisas estão é difícil. Cada vez que vem a público, o presidente do Sporting opta por condenar as diferentes instituições com uma sobranceria e hipocrisia que nunca vi. Acho que todos devemos honrar as instituições, porque estamos só de passagem. Isto é apenas o presidente do FC Porto a falar e ele entenderá as palavras de outra forma. Por isso é que é preciso que o Conselho de Disciplina seja severo e puna severamente.»