As Associações de Basquetebol (AB) de Lisboa, Porto, Aveiro e Santarém estiveram em destaque na 17ª edição da Festa do Basquetebol. Os lisboetas arrecadaram os títulos nacionais de sub-16 masculino e sub-14 feminino, ao passo que os portuenses ganharam em sub-16 feminino e os aveirenses em sub-14 masculino, com os escalabitanos a conseguirem uma inédita final em sub-16 feminino e um 3.º lugar em sub-14 feminino. Record falou com os presidentes das respetivas associações, que comentaram os seus resultados e a prova em geral.

Manuel Albano (AB Porto): «Fomos a única associação a colocar as quatro seleções no pódio»

"Fomos a única associação a colocar as quatro seleções no pódio: as Sub-16 ficaram em 1º, as Sub-14 e os Sub-16 foram finalistas e os Sub-14 em terceiro. Partimos sempre com a aspiração de estar nas finais, esse é o primeiro grande objetivo a nível desportivo. Este é o primeiro grande objetivo que temos em termos desportivos, é que isto possa acontecer e consigamos levar as nossas seleções o mais longe possível. Na primeira fase garantimos imediatamente o acesso de todas as quatro seleções às meias finais."

"Participamos com as nossas seleções muito cedo, com o maior número possível de atletas que vamos apontando para estarem depois presentes nas Festas, para lhes proporcionar também experiências a nível nacional, participando em diversos torneios nacionais dos escalões, mas também internacional, e sempre no Natal, com as quatro seleções que têm participação, com a nossa congénere de Castela e Leão, num torneio internacional com outras seleções, nomeadamente de Espanha, que têm um nível competitivo mais avançado do que nós. Portanto, há aqui um trabalho contínuo que se procura fazer, procurando atingir o melhor patamar possível. Estas Festas têm esta componente também competitiva - e é importante que a tenham -, mas acima de tudo aquilo que estes jovens daqui a uns anos vão recordar, provavelmente, não vai ser que ficaram em primeiro ou em segundo lugar. Há aqui uma componente muito forte destes jovens encararem isto mesmo como uma festa, uma vivência que se procura dar a todos, do ponto de vista também do que é uma construção de cidadania, uma construção de solidariedade. E para além disso, também as relações e intercâmbios que vão fazendo durante todo o torneio. Isto é o que fica."

Nas Sub-16, a AB Porto chegou ao tri, algo que o presidente da Associação comentou: "Elas chegam às Sub-16 a partir de um trabalho que começa antes. Tem havido aqui uma aposta grande também no desenvolvimento do feminino. Com contributo de alguns aspetos de discriminação positiva que tem sido dado ao impulso no feminino, nomeadamente com o apoio das autarquias. Estas têm tido um papel, aqui no Distrito do Porto, fundamental também no desenvolvimento do feminino, através de incentivos financeiros de alguma monta para a prática do desporto feminino, não só no básico, mas no desporto do ponto de vista global. E isto também faz com que os clubes também possam querer apostar também aqui, até porque tem este retorno. E também esta garra que foi muito característica destas miúdas sub-16, porque neste nível competitivo às vezes não é tanto técnica, é muito o estado de espírito que naquele momento possa acontecer", disse, elogiando também Santarém, finalista derrotado em sub-16 feminino: "é sinal de que outras associações, para além das chamadas grandes associações, estão a desenvolver um trabalho interessante e isto é bom para o basquetebol."

Albano comentou ainda a presença de Margarida Postiga, filha do antigo internacional Hélder Postiga, na equipa de sub-16 que foi campeã: "A Margarida foi importante na seleção, tem uma garra muito própria. O pai foi um jogador internacional, de alto nível no futebol. Não sei se isto lhe pesa ou não, mas eu sinto a Margarida desprendida disto. O pai e a mãe estavam nas bancadas, estiveram a apoiá-la nos jogos todos. Confesso que não senti que isso fosse algo que a condicionasse. Não conheço a relação familiar, mas não senti que a Margarida sentisse um peso diferente por esse facto. Aliás, é uma miúda recatada na sua condição de jogadora e era mais uma entre todas, sem qualquer protagonismo que ela procurasse ou que nós procurássemos dar-lhe. É uma jogadora como as outras, tem o seu pai com todo o seu historial. Certamente lhe terá dado ferramentas importantes para que ela saiba estar, saiba o que é competição e ela também, tendo visionado o seu pai e sabendo quem ele foi, certamente isto também lhe dá aqui alguma coisa a mais, mas não há distinção."

Sobre o evento em traços gerais, o líder associativo destacou a constante evolução: "é um evento que está perfeitamente consolidado do ponto de vista da sua projeção nacional no mundo do basquetebol e que ultrapassa já este mundo. É um evento único com esta regularidade. Cada vez se vai melhorando, do ponto de vista organizativo, do ponto de vista da disponibilidade também quer da autarquia, quer da Federação, quer dos parceiros também associados ao próprio evento e que tem permitido o incremento da qualidade do evento em si."

Rogério Mota (AB Lisboa): «Este ano existia um grande equilíbrio entre algumas seleções de alguns escalões»

Dois títulos, Sub-14 feminino e Sub-16 masculino, foram o saldo da Associação de Basquetebol de Lisboa. "As prestações da ABL estão em linha com as condições de trabalho que nos foram proporcionadas esta época. Do nosso ponto de vista existia este ano um grande equilíbrio entre algumas seleções de alguns escalões. No caso das duas finais ganhas, ainda assim elas foram muito disputadas com a AB Porto e difíceis como sempre. Nos Sub-14 M, não nos correu tão bem como desejávamos a fase de grupos e nos Sub-16 F chegámos ainda às meias-finais, mas a AB Porto foi-nos superior, embora por diferença curta. O mais importante é que, para nós, os resultados e as classificações servem sempre para avaliar e analisar o que correu bem e menos bem e preparar o futuro, pois o que conta mais são os nossos jovens e a sua evolução", afirmou o presidente da ABL.

No caso dos Sub-16 masculinos e Sub-14 femininos, são dois títulos seguidos mas Rogério Mota não crê que exista aqui uma hegemonia: "Pensamos que corresponde mais a gerações que, de uma época para a outra, se podem manter. Eventualmente nestas duas últimas épocas nos Sub-16 M houve um grande número de equipas na ABL, o que permite uma escolha maior. Nas Sub-14 F talvez alguma continuidade do nosso Minibasquetebol, já que estas jovens têm passado todas por Paços de Ferreira na Festa do Minibasquete onde têm sido primeiras."

Sobre a prova em si, Rogério Mota gostou do que viu: "Em termos gerais, sem uma reflexão coletiva mais apurada, sinto que correram melhor aspetos que tinham merecido atenção e debate. Refiro, por exemplo, a mudança dos locais de jogo para os escalões; a presença de árbitros credenciados junto dos mais jovens e a apitar jogos; a inexistência do comboio que permitiu uma cerimónia de encerramento com todas as delegações, logo de maior impacto e mais digna. Em termos da ABL correspondeu no essencial às expectativas e ao trabalho que todos tinham realizado."

Bruno Fangueiro (AB Aveiro): "Não vencíamos o título de Sub-14 M há 13 anos, mas temos estado consistentemente nos momentos de decisão"

Treze anos depois, a Associação de Aveiro voltou a conquistar um título em Sub-14 masculino. "Se é verdade que não vencíamos o título há 13 anos, a realidade é que temos estado consistentemente nos momentos de decisão. Quando partimos para a competição, todos temos a vitória como objetivo, mas há fatores que nestas idades são muito mais importantes do que a vitória. Importa, sempre, enquadrar-se que falamos dos primeiros níveis de competição e de um processo de formação de atletas. Mas se permite, o sucesso está nos clubes. As seleções distritais são um reflexo da nossa competição interna e do trabalho dos clubes. Temos a sorte de em Aveiro haver uma forte preocupação com a formação por parte dos clubes, facilitando muito o nosso trabalho", considera o presidente da ABA.

Além do título em sub-14 masculinos, Aveiro foi quarto em sub-16 masculinos, sétimo em sub-14 femininos e quinto em sub-16 femininos. Fangueiro analisa: "os resultados, se excluirmos os sub-14 masculinos, acabam por ficar aquém daquilo que era perspetivado e nos é exigido. Temos sempre a ambição de estar nas meias-finais e este ano tal não aconteceu. A nossa participação não se resume apenas aos resultados e estamos certos de que todo o processo de trabalho ao longo da época e o desenvolvimento da competição foram fundamentais no processo de evolução dos jovens atletas e que este trabalho, complementar ao trabalho dos clubes, é decisivo para o seu desenvolvimento. No que respeita a um maior rendimento no masculino, foi o desenrolar da competição e todos temos consciência que numa competição tão curta tudo pode acontecer".

"Mas há dois pontos que gostaria de relevar. O primeiro foi a excelente atitude e empenho dos nossos atletas. Foram incansáveis, trabalharam muito durante a época para aqui chegarmos e na Festa tiveram um compromisso total! O segundo é em relação aos pais, que assumem um papel fundamental no processo de formação dos Atletas e foram uma parte cooperante em todo este processo. Muito nos satisfaz, pelo segundo ano consecutivo, vencermos o prémio de melhor claque, o que significa que os pais entendem bem a importância que é ter um comportamento positivo, incentivando e apoiando os seus filhos", elogiou Fangueiro, que analisou também a prova em traços gerais: "Este ano, verificou-se um aproximar de algumas seleções ao topo, o que revela o trabalho desenvolvido pelas diversas associações."

Luís Sousa (AB Santarém): «Resultados são reflexo do trabalho dos clubes e do corpo técnico da ABS, mas tem-se notado mais no feminino»

Com uma final inédita em Sub-16 feminino e um 3º lugar em Sub-14 feminino, a Associação de Basquetebol de Santarém foi um dos destaques este ano. "Os resultados são reflexo do trabalho diário dos clubes e do corpo técnico da AB Santarém, mas tem-se notado mais no feminino. No masculino, já se notou no Minibasquete e agora colhemos os frutos com a subida dos dois escalões para a Divisão A", disse o presidente da ABS.

No masculino, as duas equipas garantiram a subida à Divisão A, completando uma edição inesquecível para os escalabitanos: "É a continuação do trabalho que tem vindo a ser feito. As Sub-14 repetiram o 3.º lugar da época anterior, algo que não é acaso, pois também nas Festas do Minibasquetebol tínhamos conseguido um 2.º lugar na equipa de sub-12 e algumas dessas atletas estiveram agora no 3.º lugar das sub-14 e no 2.º lugar de Sub-16. É um trabalho que já é de há algum tempo. Têm-se notado mais no feminino. No masculino já desde as Festas do Minibasquetebol de Paços de Ferreira também se tem notado a evolução e o fruto aconteceu este ano com a subida das duas equipas à Divisão A. Acreditamos que o trabalho que os clubes têm feito ajudou a colocar todas as seleções da AB Santarém no lugar que merecem."

No próximo ano, a AB Santarém terá as suas quatro equipas na Divisão A e o "objetivo é garantir a manutenção, sem dúvida, e principalmente no feminino voltar a repetir os dois lugares no pódio."

Questionado sobre se o trajeto fantástico que as Sub-16 fizeram nesta última edição da Festa do Basquetebol está, de certa forma, alicerçada, na boa campanha que o Santarém Basket Club tem tido no campeonato nacional de Sub-16 femininos, onde lidera com apenas uma derrota - e tem quase metade (5 em 12) das jogadoras da seleção -, Luís Sousa responde: "O Santarém Basket Club é o clube de maior dimensão no número de maior participantes no distrito e também o clube que mais estrutura tem criado e títulos conquistado nos últimos anos a nível distrital. Mas o sucesso da seleção deve-se também ao trabalho deste e outros clubes, como o Chamusca, que também tem tido presenças constantes nas provas nacionais e sempre também com bons resultados."