Há cerca de meio ano, Alberto Costa era um perfeito desconhecido para os amantes de futebol, até mesmo dentro do universo vitoriano. Pouco tempo passou e, agora, o nome do lateral direito esteve nas bocas da Europa como um dos mais apetecíveis alvos jovens para a posição, tendo sido a Juventus a ganhar o leilão que deixou nos cofres do Vitória SC um encaixe quase recorde.
Com o objetivo de perceber a ascensão meteórica do jovem jogador, o zerozero conversou com Tozé Mendes, treinador de Alberto Costa nos bês dos Conquistadores, na temporada passada.
Tirsense de gema, Conquistador no Berço
Nascido em Santo Tirso, em 2003, Alberto precisou de pouco tempo de futebol até entrar na mira dos clubes maiores em Portugal. No Tirsense, o clube da sua cidade, começou a dar nas vistas e, com apenas dez anos, seguiu para Guimarães.
No Vitória SC encaixou que nem uma luva e encontrou uma casa para muitos (e bons) anos. Um lateral veloz, ofensivo, que não dava uma bola por perdida e com capacidade para recuperar defensivamente: o protótipo daquilo que se pretende num clube como o Vitória.
Sem nunca saltar grandes etapas, fez o seu caminho formativo e evidenciou-se nos bês vitorianos e, na temporada passada - 2023/24 - , chegou a sua oportunidade de se estrear com o Rei ao Peito, dez anos depois de ter vestido a camisola pela primeira vez.
A estreia surgiu no D. Afonso Henriques, pela mão de Álvaro Pacheco, mas nem deu para saborear. Entrou aos 90'+4 diante do Penafiel, para a Taça de Portugal, segundos antes do árbitro apitar para o final da partida. Na Primeira Liga, a estreia foi curiosamente em Alvalade diante do Sporting - clube que, neste mercado, correu pela contratação dos seus serviços.
O ponto de viragem na vida do jovem Alberto acabou por acontecer no principio desta época desportiva. Uma boa pré-temporada convenceu Rui Borges de que seria uma boa opção para crescer na sombra de Bruno Gaspar e, ultrapassando Miguel Maga na hierarquia da posição, começou mesmo a temporada como titular na Conference League.
Foi jogando a espaços, alternando com Bruno Gaspar, e uma nova lesão do colega de posição escancarou a porta em definitivo para a ascensão da pérola tirsense. A afirmação valeu-lhe a renovação de contrato, em boa hora para os vimaranenses que, dois meses depois, viram um grande assédio pelo jogador no mercado de inverno. Sporting, Brighton, Atalanta e Roma foram os tubarões associados ao defesa português, mas foi mesmo a Juventus quem conseguiu chegar às pretensões do jogador e do clube para fechar o negócio.
O «atleta brutal» que faz lembrar Danilo e Maicon
Foi na equipa B, na temporada passada, que Alberto Costa cresceu e se desenvolveu pela mão de Tozé Mendes. Em conversa com o nosso portal, o técnico vimaranense destacou a humildade de um jovem que «está sempre a querer aprender».
«O Alberto é uma pessoa extraordinária. É um miúdo bastante humilde, amigo do amigo, muito tranquilo e trabalhador. Sabe muito bem onde quer chegar e aquilo que tem de fazer para o alcançar, mas acho que a grande característica dele em relação à personalidade é mesmo a sua é mesmo a humildade. Está sempre pronto a ouvir e a querer aprender mais para evoluir», começou por dizer o treinador.
Com Tozé Mendes, Alberto foi praticamente sempre opção, até numa posição que não lhe era tão familiar: defesa central. «No ano passado começou a ser utilizado como como central à direita porque na equipa A, o mister Álvaro Pacheco jogava em 3-4-3 e nós na B também passámos a jogar assim. Foi alternando sempre entre ala direito e central, mas foi mais vezes utilizado até como central. O Álvaro dizia que ele tinha um perfil atlético é extraordinário para a função de central e também viu nele a capacidade de fazer duas funções.»
Bom menino, comprometido, focado e excelente no treino: para o antigo técnico, este é o sonho de qualquer pessoa que se sente num banco: «O Alberto é aquele é aquele jogador que que todos nós treinadores adoramos. Leva o treino como toda a gente deve levar, muito comprometido, focado e trabalhador. Depois tem sempre aquele extrazinho que está lá escondido, aquela reserva. É aquele jogador que podemos contar quando é preciso um pique de 20 metros para um corte aos 90 minutos. Também é nisso que se que se destaca, pela resiliência que tem e pela capacidade de se superar.»
A capacidade atlética do jovem chama à atenção mas, para Tozé Mendes, não é só de correrias que vive Alberto Costa.
«Tem um perfil atlético brutal. Ao nível de dados GPS, no ano passado, ele tinha dados muito, muito elevados. Conseguia atingir números soberbos nos quilómetros percorridos, como depois de do HSR (corrida de alta velocidade), mesmo a grandes distâncias. Depois, pecava na decisão. Fomos fazendo um trabalho com ele a nível de tomada de decisão no último terço. Chegava lá com muita facilidade, mas depois, ou por gesto técnico ou pela tomada de decisão, não definia bem. Nesta meia época, notei um maior crescimento na tomada de decisão e uma grande evolução técnica também.»
Por último, desafiamos o treinador a traçar uma comparação com outros laterais. A resposta foi sonhadora, com uma cara bem conhecida do futebol português e que deixou recentemente a Juventus... Danilo «No futebol atual, não há muitos laterais com o perfil dele. Talvez o Danilo nos primeiros anos de FC Porto e com as devidas distâncias, o Maicon do ano do Mourinho no Inter. A nível de perfil do jogo de corredor, do vai e vem constante e da capacidade física. São dois jogadores impactantes no último terço de terreno e com a capacidade de, passado dez segundos, já estarem na linha defensiva. E se recuperarem a bola, arrancam outra vez para a frente em sprint.»
A aposta foi forte e a Vecchia Signora encheu os cofres do Vitória SC, levando um jogador que, há meio ano, estava a disputar o Campeonato de Portugal.
Conseguirá Alberto Costa convencer Thiago Motta em Turim?