
A Ucrânia admite perder territórios que já são ocupados pela Rússia para garantir o fim da guerra, noticia o jornal britânico “The Telegraph”, que cita fontes de governos ocidentais, aos quais o Presidente Zelensky terá comunicado novas linhas vermelhas para um eventual acordo de paz.
Kiev tem indicado, no entanto, não estar na disposição de ceder território que a Rússia não controla, e pediu que a Europa rejeite esta possibilidade, se fizer parte de uma proposta de cessar-fogo apresentada pelo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump.
Deste modo, o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, poderia manter todos os territórios já controlados pelo seu exército. Atualmente, os militares russos dominam a região de Luhansk e partes de Donetsk, Zaporíjia e Kherson. A Crimeia foi anexada em 2014.
A posição ucraniana foi definida antes da reunião prevista para esta sexta-feira, entre EUA e Rússia, no Alasca, com o objetivo de discutir o fim do conflito. Um alegado plano para o cessar-fogo apoiado por Moscovo implicaria a retirada da Ucrânia das zonas que ainda controla em Donetsk e Luhansk, o que Zelensky quer evitar.
“The Telegraph” cita um estudo do Instituto para o Estudo da Guerra (Institute for the Study of War, em inglês), um think tank localizado em Washington, que conclui que os russos continuam a pretender impedir a entrada da Ucrânia na NATO e forçar a desmilitarização do país. Não enjeitariam substituir o Governo de Zelensky por um executivo pró-russo.
O Presidente ucraniano só aceita, segundo o diário londrino, um entendimento que garanta condições de segurança à Ucrânia, como o envio de armas ao país para se defender de Moscovo e um caminho para a entrada na NATO.
A Europa, escreve ainda o jornal, entende que deve dar apoio à Ucrânia nas negociações, algo que fortalece a posição ucraniana. A Polônia, por exemplo, entende que “é claro que fronteiras não podem ser alteradas pela força”. Para o primeiro-ministro Donald Tusk, “a guerra da Rússia com a Ucrânia não pode trazer benefícios ao agressor”.
Negociações entre Trump e Putin
Antes de assumir a presidência, Trump prometera acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas, algo que não foi concretizado. Com o passar do tempo, a relação do chefe de Estado com a Rússia, inicialmente positiva, deteriorou-se.
Recentemente, os países trocaram provocações publicas, e os EUA mobilizaram dois submarinos nucleares, posicionados perro da Rússia. Moscovo alertou que “numa guerra nuclear não há vencedores” e realizou exercícios militares conjuntos com a China que incluíam um trabalho de destruição de um submarino.
Trump também ameaçou Putin com tarifas de 100% caso a paz não fosse atingida. O prazo dado pelo Presidente era de 50 dias, mas foi reduzido para pouco menos de duas semanas e terminou na última sexta-feira. Nao houve qualquer ação de Washington contra Moscovo contudo.
A Casa Branca adotou uma abordagem diplomática. Steve Witkoff, enviado especial de Trump, viajou a Moscovo e reuniu-se com Putin. Uma conversa presencial com o homólogo americano foi definida para esta sexta-feira no Alasca. Inicialmente, os EUA indicaram a participação de Zelensky nas negociações, mas isso foi negado pelo Kremlin.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por Pedro Cordeiro