A bolsa nova-iorquina fechou hoje em claro recuo uma sessão muito volátil, a falhar a recuperação esboçada no início das trocas, com os investidores muito sensíveis à temática das taxas alfandegárias.

O índice de volatilidade bolsista (VIX), também conhecido como o índice do medo, evoluiu a níveis nunca vistos desde os tempos da pandemia do novo coronavirus na praça nova-iorquina, sinal do nervosismo dos investidores.

Os resultados da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 0,84%, o tecnológico Nasdaq perdeu 2,15% e o alargado S&P500 desvalorizou 1,57%, caindo para o mínimo desde há mais de um ano.

"Nos últimos dias assistimos a numerosas reviravoltas, mas a de hoje esteve entre as mais negativas", analisou Angelo Kourkafas, da Edward Jones, em declarações à AFP.

No início da sessão, o tom era positivo, com os principais índices a mostrarem ganhos superiores a três por cento.

Mas, "as mega capitalizações são sempre o motor do mercado" e vários anúncios, na véspera da entrada em vigor das taxas alfandegárias adicionais, vários anúncios vieram afetar o otimismo dos investidores, apontou Kourkafas.

Do um para o dobro: os EUA concretizaram a última ameaça de Trump ao confirmarem hoje uma taxação suplementar das importações vindas da China para um total de 104%.

Trump tinha anunciado na semana passada que as suas novas taxas alfandegárias, anunciadas desde janeiro, seriam de 54% sobre os produtos chineses a partir de quarta-feira e ameaçado taxá-las em mais 50 pontos percentuais se a China retaliasse.

Ora, Pequim decidiu taxar os produtos provenientes dos EUA a partir de quinta-feira em 34%.

Trump vai decidir "se e quando devemos falar com a China, mas agora recebemos a instrução de dar prioridade aos nossos aliados e parceiros comerciais, como Japão, Coreia e outros", comentou o principal assessor económico da Casa Branca, Kevin Hassett, na televisão Fox News.

Várias dezenas de parceiros comerciais dos EUA vão ver as taxas alfandegárias das suas exportações para este mercado norte-americano agravadas a partir de quarta-feira, como a União Europeia, para 20%, e o Vietname, para 46%.

"Ficamos a conhecer o quadro na semana passada" destas taxas "e agora estamos o processo em que os países, ou retaliam, como a China, ou negoceiam, como o Japão", disse Kourkafas.

"É claro que os investidores reclamam clareza, o que continua a não existir", salientou Jack Ablin, da Cresset Capital.

Entre as cotadas, os construtores automóveis sofreram com a retaliação canadiana, que anunciou taxas suplementares sobre alguns veículos dos EUA, os que tenham pelo menos 75% das peças fabricadas no vizinho do sul. Em consequência, a Ford desvalorizou 5,95%, a General Motors 2,41% e a Stellantis 7,88%.

Por seu lado, a Apple recuou 4,98%, o que implicou perder a posição de maior capitalização bolsista, em benefício da Microsoft, apesar de esta ter baixado 0,92%. Desde o início da presente guerra comercial, a capitalização bolsista da Apple já encolheu mais de 750 mil milhões de dólares.