Depois de uma abertura mitigada, Wall Street conheceu uma reviravolta espetacular depois de Donald Trump anunciar uma pausa na imposição de taxas alfandegárias a alguns países, propulsionando os índices emblemáticos da praça bolsista.

"Foi o momento decisivo que o mercado esperava", considerou, em nota analítica, Gina Bolvin, do Bolvin Wealth Management Group.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o seletivo Dow Jones Industrial Average avançou 7,87%, o tecnológico Nasdaq ganhou 12,16% e o alargado S&P500 valorizou 9,52%.

A valorização do Nasdaq só encontra algo idêntico em 2001.

As subidas nas cotações, porém, só aconteceram na parte final da sessão, depois de Trump ter feito o anúncio, na sua rede social.

Esta foi a maior subida bolsista em um dia do Nasdaq desde 2001, em plena expansão das 'dot-com', desde 2008, em plena crise financeira, no que concerne ao S&P500, e desde 2020, no que se refere ao Dow Jones, depois da pandemia do novo coronavirus.

As maiores recuperações localizaram-se nos setores da tecnologia (14,4%), bens não essenciais (11,4%), comunicações (10%) e industriais (9%), que tinham sido os mais prejudicados desde que na quarta-feira Trump anunciou o seu programa de taxas alfandegárias.

Nas tecnológicas, as ações que mais recuperaram foram as da Tesla (22,6%), AMD (23,8%), Nvidia (18,8%) e Apple (15,3%).

Trump disse que mudou o seu plano porque "as pessoas estavam a começar a ficar nervosas", acrescentando que estava a observar a evolução da bolsa, que classificou como "apagada".

A mudança significa que os EUA vão manter uma taxa alfandegária de 10% durante 90 dias para a maioria dos seus parceiros comerciais, mas elevou para 125% a incidente sobre as importações oriundas da China.

O desempenho bolsista do dia permitiu uma recuperação das capitalizações em mais de 4,5 biliões (milhão de milhões) de dólares, segundo o índice Dow Jones US Total Stock Market.

"Os investidores estavam impacientes para regressarem às subidas à menor boa notícia", comentou Art Hogan, da B. Riley Wealth Management, em declarações à AFP.

"Canos o investidores concebem os piores cenários, não é preciso grande coisa para que as boas notícias os façam mudar de opinião", acrescentou.

Para este analista, "a China deve estar consciente que agora está isolada", o que pode levá-la a negociar com os EUA, antecipou.

Por outro lado, como realçou Gina Bolvin, "a incerteza paira sobre o que se vai passar depois deste período de 90 dias".