Os líderes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu estão esta segunda-feira em Kiev, por ocasião do terceiro aniversário da invasão russa, para demonstrar apoio à Ucrânia e ao Presidente Volodymyr Zelensky, num momento de fortes tensões geopolíticas e diplomáticas.

"Estamos hoje em Kiev porque a Ucrânia é a Europa. Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em causa. É o destino da Europa", afirmou a presidente da Comissão Europeia.

Ursula von der Leyen falava numa mensagem publicada nas redes sociais, acompanhada de um vídeo da chegada de comboio a Kiev ao lado do presidente do Conselho Europeu, o português António Costa.

A presidente da Comissão Europeia chegou acompanhada também por 24 dos seus 27 comissários e foi recebida na estação pelo chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Sibiga.

No comboio, a caminho de Kiev, von der Leyen defendeu que a União Europeia deverá acelerar a entrega imediata de ajuda militar à Ucrânia nas próximas semanas.

A chefe da Comissão Europeia prometeu ainda apresentar "muito em breve" um plano abrangente sobre como aumentar a produção de armas e as capacidades de defesa da UE, do qual a Ucrânia também beneficiaria.

Uma manifestação de apoio a Zelensky

Ursula von der Leyen e António Costa vão estar na capital ucraniana para demonstrar solidariedade para com a população ucraniana e o Presidente Zelensky, que tem sido alvo de críticas por parte do homólogo dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump.

Apesar de não estar disponível o roteiro que Ursula von der Leyen e António Costa farão em Kiev, é expectável que ocorra um encontro com o Presidente ucraniano e uma cerimónia para homenagear os militares e a população civil que morreram nos últimos três anos.

António Costa esteve na Ucrânia no dia 1 de dezembro de 2024, coincidindo com o início do seu mandato na liderança do Conselho Europeu e viajou na altura com a Alta-Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, em representação do executivo comunitário, que também iniciou funções nesse dia.

Também esta segunda-feira em Kiev está o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, "para reafirmar o apoio" a Zelensky, segundo anunciou na passada quinta-feira.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O conflito de três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.

Diplomacia da UE discute conflito no 3.º aniversário e sob sombra de Trump

Também esta segunda-feira os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reúnem-se para discutir o conflito na Ucrânia, no momento mais incerto desde o princípio da guerra.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, vai participar na reunião, encabeçada pela Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas. Na chegada a Bruxelas, o ministro voltou a defender a integração da Ucrânia nas negociações para a paz e afirmou que Zelensky é quem deve chefiar todo o processo.

Está previsto um minuto de silêncio e soarão sirenes como as que avisam as cidades ucranianas dos bombardeamentos russos.

O principal tópico da discussão vai ser a guerra na Ucrânia e coincide com o terceiro aniversário da invasão ao território ucraniano pela Federação Russa. O momento também é o mais sensível para o conflito e para o apoio que a Ucrânia recebe.

O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, criticou a União Europeia e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela maneira como estão a conduzir o conflito, considerando que o homólogo da Ucrânia era "um ditador" sem legitimidade democrática e culpabilizando-o pela guerra. Volodymyr Zelensky retorquiu que o republicano Donald Trump está a viver dentro de uma "bolha de desinformação" criada pela Rússia.

A administração dos EUA também considerou que "são irrealistas" os desígnios de Kiev de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e de recuperar o território ocupado pela Rússia desde 24 de fevereiro de 2022, nomeadamente a partes das províncias de Donetsk e de Lugansk e a península da Crimeia (ocupada desde 2014).

Em simultâneo, Washington e Moscovo avançaram com reuniões preliminares para esboçar um cessar-fogo e um acordo de paz, que foi amplamente criticado pela União Europeia e pela Ucrânia, por excluir o país invadido e os países daquele continente, que sentiram os efeitos imediatos do conflito, nomeadamente, o êxodo de cidadãos ucranianos e as consequências socioeconómicas.

O 16.º pacote de sanções contra a Rússia, para tentar coartar as pretensões militares de Moscovo, vai incidir sobre 44 embarcações da apelidada "frota fantasma".

Os chefes da diplomacia dos países da UE também abordarão a situação político-social na Síria, o cessar-fogo no enclave palestiniano da Faixa de Gaza, enquanto Israel continua as incursões na Cisjordânia, e também a ofensiva militar do movimento M23 na República Democrática do Congo, apoiada pelo exército do Ruanda.

Também está prevista, durante a tarde, uma reunião do Conselho de Associação entre a UE e Israel.


- Com Lusa