Uma viagem de orçamento contado, mas orientada para tentar explorar um mundo desconhecido de sabores. Impensável de imaginar que esse périplo imberbe entre Paris e Lille no início dos anos 90, numa viagem para visitar amigos com uns petiscos e especialidades locais à mistura, seria o esboço dos gulosos roteiros que hoje tenho o prazer de idealizar com a Pinto Lopes Viagens.
A curiosidade para saber como as pequenas iguarias com que nos cruzamos diariamente surgiram no caminho de todos nós, tem sido o mote dos livros que comecei a publicar em 2011.
Histórias divertidas e bizarras, as virtudes e os saberes ancestrais, e também alguns truques e tricas para turista consumir, são peças de um puzzle para se saborear e desconstruir em cada viagem.
As origens de receitas emblemáticas, a pastelaria, os vinhos, ou os queijos e enchidos icónicos de uma região ou país, inspiram programas ricos que têm um traço comum: pessoas que amam viajar, e também conhecer e provar a essência gastronómica de cada destino.
Em Itália, já descobrimos especialidades da região centro que projetam a cozinha italiana no mundo. Parma guiou-nos para pontos cardeais que nos mostraram a excelência do Presunto de Parma (DOP) numa casa familiar de fabrico rigoroso, um queijo Parmesão premiado, de nível mundial, produzido numa leitaria de pequena escala e alma imensa, o horizonte efémero das trufas negras, e uma casa histórica na produção do verdadeiro Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena.
Especialidades locais e pratos de cozinha criativa, vão surgindo em mesas premiadas nos guias de referência, e também nas diversas refeições selecionadas, onde provas comentadas ou a ligação com vinhos ajudam a seguir uma máxima de que sou defensor: “Comer é incorporar um território”.
Foi o que fizemos, por exemplo, em Zibello, num castelo secular onde se produz e conta a história do Culatello di Zibelo (DOP), com um restaurante que nos faz sentir fora da linha do tempo, ou em França, no prestigiado La Mère Brazier, em Lyon, uma casa que viu nascer uma geração de grandes chefes franceses, como Paul Bocuse, uma marca da cidade.
A gastronomia francesa tem uma história poderosa do seu lado, mas continua a reinventar-se, como pudemos apreciar no atelier do excêntrico Patrick Roger.
O mestre chocolatier junta a genialidade das suas criações ao lado artístico, e abriu as portas para nos receber num espaço magnífico junto a Paris. A especiaria mais reluzente é plantada no centro da cidade da Luz, e nós pudemos descobrir como esta ideia faz nascer o açafrão verdadeiro nos terraços da Ópera da Bastilha.
Uma visita profunda em história e a elegância dos bolhas, numa belíssima cave em Aÿ, localidade berço do vinho de Champanhe, a descoberta da Mostarda da Borgonha, mais complexa e requintada que a de Dijon, ou os segredos para se produzir o melhor queijo Comté, são algumas das pistas já percorridas nas diferentes rotas francesas.
Uma das próximas aventuras é o regresso a Itália para encontrar a mesa no norte transalpino. Pastas, e um sem fim de produtos locais em Turim, com a nova cozinha regional a despontar em trattorias modernas.
Os bosques de Alba irão trazer-nos a esperada trufa branca com a ajuda de um cão trufeiro, as vinhas de Barolo com os seus néctares de prestígio, as planícies ao redor de Vercelli e do rio Pó, que convocam os diversos bagos de arroz para os melhores risotos, ou a produção artesanal de panetone numa rara pastelaria familiar às portas de Milão.
Uma nova e deliciosa viagem, que se aguarda com a avidez das histórias suculentas, em que para conhecer o destino, o caminho faz-se saboreando.