
O presidente do Chega, André Ventura, voltou, esta sexta-feira, a deixar fortes críticas à comunidade cigana, na sequência da abertura de um inquérito pelo Ministério Público sobre vídeos em que Ventura ataca a população cigana.
Ventura começou por garantir que “o Chega confia na Justiça portuguesa”, mas lamentou que “as mesmas associações que fizeram queixa [contra si] ficaram caladas quando a violência tomava conta da nossa campanha eleitoral".
"Atacavam-nos diretamente com morteiros e material pirotécnico que passaram a centímetros de mim próprio”, afirmou Ventura, numa conferência de imprensa na sede do Chega.
O líder do Chega garantiu que o partido também irá avançar judicialmente a propósito das situações que denuncia e atirou: “Temos de acabar com este sentimento em Portugal de que há sempre coitadinhos que podem fazer o que querem”.
“Plataforma de entendimento constitucional”
Sobre um dos temas mais falados nos últimos dias - a revisão constitucional -, André Ventura admite que “não é, por si só, a prioridade” dos eleitores do Chega. “Porém, esta é uma oportunidade única que não devemos deixar passar. Por isso, "o Chega vai propor a existência de uma plataforma de entendimento constitucional entre o Chega, a AD e a IL, para que possamos, sem o PS, sem os partidos que minaram a Constituição nos últimos anos, levar a cabo uma revisão da Constituição”.
Em matéria de revisão constitucional, Ventura aponta “eixos fundamentais”, que vão da redução do número de deputados na Assembleia da República à revisão das penas aplicadas aos crimes em Portugal, passando pela prisão perpétua.
"É uma oportunidade histórica e é o teste do algodão à AD, escolhendo se quer ficar do lado do PS ou não", declarou.
O presidente do Chega disse que não pretende "mudar o regime" com o processo de revisão constitucional, mas considerou essencial "acabar com o comunismo e socialismo pós-revolucionário" na Lei Fundamental.
André Ventura adiantou que, entre outras linhas de ação, vai propor o fim da "carga ideológica" na Constituição, a redução do atual número de 230 deputados na Assembleia da República, a revisão das penas e a limitação dos recursos, a abertura à consagração da penalização do enriquecimento ilícito e a exigência de "maior transparência" nas medidas do Estado, designadamente em termos de concessão de subsídios.