
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu esta quarta-feira um cessar-fogo até se reunir com o Presidente russo Vladimir Putin, mas declarações recentes de Putin afastam a viabilidade de uma cimeira. Segundo a ‘Sky News’, o líder russo classificou explosões em pontes nas regiões de Byransk e Kursk como ataques de terror que põem em causa as negociações de paz. “O que há para falar? Como podemos negociar com aqueles que dependem do terror?”, lançou.
O presidente do comité de investigação da Rússia afirmou esta quarta-feira que o colapso de duas pontes ferroviárias próximas à fronteira com a Ucrânia matou sete pessoas e 122 ficaram feridas, descrevendo as explosões como “ações de terror” e atribuindo responsabilidades à Ucrânia.
Apesar deste desenvolvimento, Zelensky anunciou esta quarta-feira que os dois países planeiam trocar 500 prisioneiros de guerra, de cada lado, no fim de semana, depois de terem concordado, na segunda-feira, libertar os feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.
“Hoje, as nossas equipas realizaram consultas sobre a troca acordada. O lado russo informou-nos que está pronto para transferir 500 pessoas neste fim de semana, no sábado ou domingo, das cerca de mil que acordámos trocar, pelo que estaremos prontos para trocar a quantidade correspondente”, afirmou Volodymyr Zelensky em videoconferência de imprensa realizada no início de uma reunião dos ministros da Defesa dos aliados de Kiev, na sede da NATO.
Zelensky acrescentou que jornalistas e outros civis ucranianos mantidos em cativeiro pelas autoridades russas poderão ser incluídos nas trocas acordadas na segunda-feira em Istambul, na Turquia.
Apesar de terem conseguido chegar a um acordo de troca de prisioneiros, o líder ucraniano considerou que “não faz sentido” continuar as negociações em Istambul, tal como estão, e que se deve avançar para negociações de paz a um nível mais alto.
“Precisamos de um cessar-fogo. Precisamos de paz real (...), de segurança real, e devemos utilizar todos os métodos disponíveis para a alcançar”, defendeu na videoconferência.
O Presidente ucraniano tem criticado duramente a composição da delegação russa, liderada, nas duas rondas, por um conselheiro presidencial júnior, considerando-a “não adequada” para decidir sobre um cessar-fogo.
Rússia alega que Ucrânia rejeitou trégua curta
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse esta quarta-feira que a Ucrânia rejeitou a trégua de dois a três dias que Moscovo propôs na segunda-feira para recuperação de militares caídos em combate.
"Penso que este é simplesmente um erro grave do regime de Kiev, nomeadamente a recusa categórica e grosseira de [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky em aceitar esta proposta", declarou Lavrov numa reunião governamental presidida pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, e transmitida pela televisão russa.
A Rússia propôs um cessar-fogo parcial “de dois a três dias em certos setores da frente de batalha” para que os comandantes possam recuperar os corpos dos seus soldados, durante a segunda ronda de conversações entre as partes que decorreu na segunda-feira em Istambul.
"Isto será agora discutido pelos nossos especialistas militares com os ucranianos", indicou o chefe dos negociadores russos, Vladimir Medinsky, explicando que em certas zonas a situação sanitária é perigosa e existe "o risco de uma epidemia", pelo que curtas tréguas permitiriam que estes corpos fossem rapidamente retirados.