O jornalista sueco Joakim Medin, preso e detido em Istambul, foi acusado de "terrorismo" e de "insultar o Presidente" Recep Tayyip Erdogan, informaram hoje as autoridades turcas.

Procurado pelos crimes de "pertença a uma organização terrorista armada" e de "insulto ao Presidente", o indivíduo foi detido à chegada ao aeroporto de Istambul, a 27 de março de 2025, e preso a 28 de março", declarou o centro de desinformação do Governo turco, denunciando nomeadamente a sua participação numa manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo.

Joakim Medin, repórter do diário sueco, Dagens ETC viajou para Istambul para cobrir os protestos registados no país, segundo o chefe de redação do seu jornal, Andreas Gustavsson.

O inquérito contra Medin por "ligações terroristas", pelo qual foi detido à chegada ao aeroporto, foi aberto em janeiro de 2023, por o jornalista ter participado numa manifestação anti-Erdogan em Estocolmo, no dia 11 desse mês, referiu na sexta-feira a agência turca de notícias Anadolu, citando fontes judiciais.

Organizada por um grupo curdo que Ancara considera fazer parte do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a manifestação foi alvo de protestos diplomáticos já que protestantes penduraram pelos pés um boneco representando o Presidente turco.

Medin assina desde 2014 reportagens feitas nas zonas curdas da Síria, Iraque e Turquia, e em 2016 publicou um livro sobre a luta das milícias curdas sírias em Kobani contra o grupo extremista Estado Islâmico.

Na quinta-feira passada, a Turquia expulsou um conhecido repórter britânico, Mark Lowen, da BBC, que esteve vários dias a cobrir os protestos recentes em Istambul, com o argumento de que não tinha a acreditação necessária como jornalista.

Dois outros jornalistas foram detidos durante a madrugada de sexta-feira em Istambul.

Elif Bayburt, da agência noticiosa Etkin, e Nisa Suda Demirel, do jornal de notícias online Evrensel, foram as últimas a serem detidas durante rusgas levadas a cabo de madrugada, que tiveram como alvo ativistas políticos, sindicalistas e jornalistas.

As manifestações na Turquia tiveram início no passado dia 19 de março, após a detenção do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, um dos principais rivais do Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Imamoglu foi preso e aguarda julgamento por acusações de corrupção que muitos consideram ter motivações políticas. O Governo insiste que o poder judicial é independente e não tem interferência política.

O Ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, disse na quinta-feira que cerca de 1.900 pessoas foram detidas desde dia 19.

As manifestações noturnas em Istambul, organizadas pelo Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), de Imamoglu, terminaram na terça-feira, no entanto estenderam-se a outras cidades, e mesmo em Istambul, desde o fim dos comícios do CHP, os protestos têm sido mais orgânicos.

Este sábado, mais de 200 mil pessoas voltaram às ruas de Istambul numa manifestação contra o Presidente Erdogan e a favor de seu provável rival nas próximas eleições, Ekrem Imamoglu.