
O Presidente dos Estados Unidos chegou a perguntou à primeira-ministra italiana se Roma poderia acolher uma reunião tripartida sobre a guerra na Ucrânia, mas Moscovo desaprovou a ideia, segundo fontes próximas do Governo italiano, citadas hoje pelos 'media' locais.
A imprensa italiana noticiou hoje que, na conversa telefónica mantida na quinta-feira entre o Presidente norte-americano e a líder do Governo italiano, Donald Trump sondou Giorgia Meloni no sentido de saber se a Itália estaria disponível a acolher uma reunião que tenciona ter muito em breve com os Presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e russo, Vladimir Putin, em busca de um acordo de paz, tendo a primeira-ministra respondido favoravelmente.
Ainda de acordo com as mesmas fontes, citadas pela agência noticiosa italiana Ansa, na sequência da resposta favorável de Meloni, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, propôs formalmente Roma como palco da cimeira, nos contactos tidos igualmente na quinta-feira com Reino Unido, Alemanha, França e Ucrânia, entre outros parceiros, tendo Zelensky aprovado de imediato a ideia, que, no entanto, terá sido prontamente rejeitada por Moscovo.
A Rússia considera que a Itália é um país "demasiado alinhado com a Ucrânia" -- nos últimos dias sucederam-se acusações de "russofobia" dirigidas por Moscovo a altas figuras do Estado italiano, entre as quais o Presidente da República, Sérgio Mattarella -, e pretende antes que a reunião tenha lugar num país não europeu, até tendo em conta o mandado de captura internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Putin.
Os Emirados Árabes Unidos e a Turquia têm sido apontados como potenciais países anfitriões da cimeira, tendo o próprio Putin manifestado na quinta-feira a sua abertura para que o encontro tenha lugar em Abu Dhabi.
Na quinta-feira, Trump disse que aceitaria reunir-se com Putin mesmo que este não se encontre com Zelensky, tendo vários 'media' norte-americanos, incluindo o The New York Times, noticiado na quarta-feira que o Presidente norte-americano disse aos líderes europeus que queria reunir-se pessoalmente com o seu homólogo russo já na próxima semana, e depois realizar uma reunião a três com Zelensky, em que teria o papel de mediador.
O Kremlin (presidência russa) tem excluído um encontro entre Putin e Zelensky, que afirma fazer sentido apenas no final de um processo negocial, quando houver acordo em relação aos termos para a paz na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
A reunião entre Trump e Putin foi confirmada na quinta-feira por Washington e Moscovo, tendo o conselheiro presidencial russo Yuri Ushakov adiantado que deverá acontecer na próxima semana, e, a consumar-se, será a primeira cimeira Estados Unidos-Rússia desde 2021, quando o ex-presidente Joe Biden se encontrou com o homólogo russo em Genebra, Suíça.
Seria também um marco significativo nos esforços de Trump para pôr fim à guerra, embora não haja garantia de que interromperia os combates, uma vez que Moscovo e Kiev continuam muito distantes nas suas condições para a paz.
Hoje mesmo, termina o prazo estabelecido por Trump para a Rússia suspender a sua ofensiva na Ucrânia, sob ameaça de agravamento de sanções diretas e sanções secundárias a países que comprem hidrocarbonetos russos.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.