
"Ventos de Yawanawá" resulta de uma colaboração do artista turco Refik Anadol, que parte dos desenhos tradicionais das irmãs e artistas Nawashahu e Mukashahu e os transforma em movimento através de Inteligência Artificial com base em dados sobre o ambiente da Amazónia.
O resultado é uma obra de arte digital influenciada pelas tradições visuais do povo Yawanawá e da sua relação com a natureza, "combinando o saber ancestral com tecnologia de ponta", afirmou hoje o chefe Biraci Brasil Nixiwaka à agência Lusa em Londres, durante a abertura da exposição dos finalistas dos prémios.
"Esta foi uma oportunidade de juntar artistas indígenas e artistas contemporâneos para transmitir a nossa mensagem: estamos a viver um momento difícil de alterações climáticas, de aquecimento global", vincou.
A tribo vive na Terra Indígena Rio Gregório, uma reserva protegida localizada no estado do Acre, na Amazónia, perto da fronteira com o Perú.
Segundo o líder tribal, a venda da obra em formato digital NFT (Non-Fungible Token) já rendeu perto de dois milhões de dólares (1,8 milhões de euros), que serviram para financiar a construção de infraestruturas necessárias para uma conferência internacional sobre medicina indígena na aldeia Nova Esperança.
A obra "Ventos de Yawanawá" recebeu o prémio especial de indústria.
O coletivo norte-americano Operator, composto por Ania Catherine e Dejha Ti, venceu na categoria Experimental, o artista sul-coreano DeeKay na categoria Imagem em Movimento, o norte-americano Zach Lieberman na categoria Imagem Fixa e a croata Maja Petric na categoria Inovação.
Os Prémios são uma iniciativa da House of Fine Art (HOFA), uma plataforma global de arte contemporânea centrada na inovação e tecnologia, e da leiloeira Philips.
O cofundador da HOFA Elio D'Anna destacou a "extraordinária variedade de talento, visão e experimentação" apresentada não só pelos cinco vencedores, mas dos 32 finalistas entre mais de 200 candidatos de 48 países.
BM // MLL
Lusa/fim