![“Terão alojamentos muito melhores”: Trump recusa regresso de palestinianos a Gaza, “empreendimento imobiliário para o futuro”](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que os palestinianos não teriam direito ao retorno, nos termos do seu plano para a Faixa de Gaza, num excerto de entrevista hoje divulgado.
Questionado por um repórter do canal televisivo Fox News sobre se os palestinianos teriam o "direito de retorno" ao enclave palestiniano devastado pela guerra, uma vez reconstruído, Trump respondeu: "Não, não teriam, porque terão alojamentos muito melhores".
"Por outras palavras, estou a falar de construir um lugar permanente para eles, porque se regressassem agora, levariam anos a reconstruir Gaza -- não é habitável", acrescentou.
Ao receber na semana passada o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu em Washington, Donald Trump declarou que os Estados Unidos iam "tomar posse" da Faixa de Gaza e "livrar-se dos edifícios destruídos", com o objetivo de desenvolver economicamente o território, afirmações que foram amplamente condenadas em todo o mundo.
Repetiu também que os habitantes de Gaza poderiam ir viver para a Jordânia ou para o Egito, apesar da oposição destes e de muitos outros países, além da dos próprios palestinianos.
Na entrevista concedida à Fox News, que será transmitida na íntegra hoje à noite depois de a primeira parte ter sido emitida no domingo por ocasião da Super Bowl, o Presidente norte-americano afirmou que os Estados Unidos vão construir "belas comunidades" para os cerca de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza.
"Poderão ser cinco, seis ou duas. Mas vamos construir comunidades seguras, um pouco distantes do local onde eles se encontram, onde está todo o perigo", acrescentou Trump.
"Temos de pensar nisto como um empreendimento imobiliário para o futuro. Será um belo pedaço de terra. Não haverá grandes despesas", assegurou.
Israel declarou em 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento radical Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 36 dos quais entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra fez, até 19 de janeiro -- data de entrada em vigor de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza -, mais de 47.000 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais quase 18.000 crianças, e quase 111.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Ao longo de mais de um ano de guerra, cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
A ONU declarou o sobrepovoado e pobre enclave palestiniano mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
No final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.