A exceção à regra é a prima, Maria Eduarda, de Direito de Família e Sucessões, que se animou a trocar 15 anos de Uría Menéndez pela recém-criada Proença de Carvalho, para assegurar a área de Private Clients no escritório que hoje abriu portas. "De resto, eu tenho 44 anos e sou o mais velho aqui", conta ao SAPO Francisco Proença de Carvalho, que em 2003 se juntou à sociedade criada pelo pai, Daniel, e que em 2010 se fundiu com aquela firma ibérica. "Somos uma equipa muito jovem, mas cheia de vontade e queremos manter o patamar de exigência que o meu pai definiu, trazendo modernidade à nossa atividade", explica. E mais do que tudo, assume numa publicação desta noite no LinkedIn, "teremos de ser uma Casa Humana".
Por onde passa essa modernidade? Francisco concretiza: "Temos um conceito, uma marca, um código de conduta que assegura a ética da advocacia e que nos liga enquanto equipa, mas somos uma sociedade absolutamente liberal. Temos um modelo de trabalho totalmente híbrido; quando estamos no escritório não há lugares marcados, pelo que todos trabalhamos em rede e em contacto. Somos totalmente flexíveis em horários, presenças, etc. e não nos submetemos às regras das sociedades tradicionais". Fugindo à imagem formal com que nos habituámos a identificar os escritórios, com gabinetes fechados e obras de arte esmagadoras nas paredes, a Proença de Carvalho optou antes por "um modelo mais digital, leve e pela liberdade de cada um. Garantidas as regras de conduta e deontológicas, o que conta aqui é o serviço ao cliente e os resultados que cada advogado consegue com o seu trabalho".
No fundo, a imagem da firma Proença de Carvalho é reflexo daquilo que Francisco entende ser o mundo atual da advocacia e a vontade daqueles que nele vão tomando lugar mais proeminente. E o nome foi escolhido por sentido de dever e pelo valor intrínseco. "Contratei uma empresa para fazer um estudo de mercado e apresentar uma marca; e as conclusões mostraram que 'Proença de Carvalho' é o nome individual com maior reconhecimento na advocacia portuguesa, não precisando sequer de se especificar a área para ser associado à advocacia", conta ao SAPO. Depois, foi só escolher um logótipo que espelhasse a modernidade e elegância pretendida e fechar o slogan que representasse a proximidade que querem trazer à atividade: "Your trusted legal partners". "Por incrível que pareça, nenhuma sociedade de advogados usava a palavra 'confiança'."
E de que forma é que isto se liga ao legado de Daniel Proença de Carvalho? — um legado tão forte que o nome dispensa a justaposição da palavra "advogados"... "Está assumido no nosso manifesto, que temos publicado no site e com cujos princípios o meu pai concordou: dar seguimento aos valores de confiança, coragem, visão, rigor e proximidade que marcaram a sua carreira." Essas palavras-chave são a âncora de uma sociedade que é nova — "o meu pai nunca deu opinião sobre o tema, à exceção de concordar com o manifesto; limitou-se a dizer-me que fizesse o que eu pensava ser o correto", conta Francisco ao SAPO — mas cujo peso do nome que carrega está assumidamente presente. "É um legado e uma homenagem ao meu pai, refletindo a passagem para o mundo atual", resume o sócio-fundador da Proença de Carvalho.
Uma equipa focada em negócios
Quando deixou a Uría Menéndez-Proença de Carvalho, no ano passado, chegou ao fim a parceria que dava visibilidade à marca do nome de família. E se Francisco, que se tem dedicado sobretudo à Resolução de Litígios (representa Ricardo Salgado, por exemplo), sabia que queria dedicar-se a outros projetos e ganhar espaço quer pessoal quer profissional, também tinha consciência de que um legado tão forte no mundo jurídico não devia ser desperdiçado. "Quando deixei a sociedade, em setembro, não sabia exatamente o que ia fazer, que espaço abrir, com que equipa..." Mas sabia que queria alargar horizontes. E a ideia da Proença de Carvalho foi-se ganhando vida por si própria.
André Matias de Almeida (segundo na foto acima), com prática reconhecida em Direito Comercial, Societário e M&A (e que foi a voz da ANTRAM durante os protestos organizados pelos motoristas de materiais perigosos, em 2019), juntou-se a ele. Outros nomes foram-se perfilando, foram-no abordando e o projeto consolida-se agora com 14 profissionais e um foco bem definido nos negócios.
"Queremos abordar uma visão ampla da advocacia de negócios e isso implica uma série de áreas em que apostamos e que incluem o Imobiliário e Urbanismo (Francisco Sousa Coutinho, ex-PwC Legal), Resolução de Litígios e Laboral (Filipa Loureiro), Comercial, Imobiliário e Direito da Saúde (Frederico Pestana)." A área do Digital, naturalmente, não está de todo esquecida, mas Francisco não quer ainda revelar o nome da "startup portuguesa de Inteligência Artificial para o mundo jurídico" com a qual vai "anunciar em breve uma parceria experimental", que permitirá à sociedade mover-se no mundo dos dados e IA, bem como retirar benefícios de eficácia garantidos por este tipo de software.