A Rússia justificou esta terça-feira o aumento do seu exército, ordenado pelo Presidente Vladimir Putin, com as ameaças nas fronteiras com o Ocidente, no âmbito da guerra com a Ucrânia.

A decisão deve-se a "uma situação extremamente hostil nas nossas fronteiras ocidentais e à instabilidade nas nossas fronteiras orientais", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP. A situação "exige a adoção de medidas adequadas", acrescentou.

O líder russo assinou na segunda-feira um decreto que fixa a força autorizada das Forças Armadas russas em 2,3 milhões de pessoas, incluindo 1,5 milhões de militares.

Trata-se do terceiro aumento dos efetivos militares decretado por Putin desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, segundo a agência espanhola EFE. Em dezembro de 2023, Putin aumentou o número de soldados em quase 170.000 efetivos.

A Rússia, que tem cerca de 700.000 militares na Ucrânia, acelerou o recrutamento de soldados nas últimas semanas devido à incursão ucraniana na região fronteiriça de Kursk. Com o novo aumento de efetivos, os meios de comunicação social russos referiram que o exército da Rússia se tornará o segundo maior do mundo, a seguir à China.

Para recrutar cada vez mais pessoas, as autoridades têm realizado grandes campanhas publicitárias em todo o país, prometendo salários muito elevados e numerosos benefícios fiscais e sociais aos potenciais recrutas. Também recrutaram dezenas de milhares de reclusos das prisões do país, segundo a AFP.

Parlamento ucraniano aprova regularização do recrutamento de estrangeiros para o exército

As Forças Armadas ucranianas vão poder recrutar cidadãos estrangeiros, segundo um projeto de lei aprovado esta terça-feira pelo parlamento para fazer face a problemas de mobilização de militares, mais de dois anos e meio após o início da invasão russa.

Segundo o porta-voz parlamentar do partido Voz, Yaroslav Zhelezniak, numa publicação na rede social Telegram, a medida recebeu o apoio de 278 deputados da Verkhovna Rada, o órgão unicameral ucraniano.

Entre outras medidas, a lei prevê a possibilidade de os cidadãos estrangeiros e apátridas assinarem contratos com as Forças Armadas e com a Guarda Nacional da Ucrânia, bem como com o Serviço Especial de Transportes do Estado, uma unidade militar responsável pelo funcionamento das redes de comunicação. A proposta inclui igualmente a criação de um centro oficial de recrutamento de pessoas de outros países na Ucrânia.

A escassez de efetivos à medida que a guerra avança tem sido um dos principais problemas para a Ucrânia e para o seu exército, que lançou uma campanha para impedir que os cidadãos em idade militar deixem o país, chegando mesmo a instar os parceiros a implementar medidas para forçar o regresso dos que saíram.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:

⇒ As forças russas atacaram nas últimas horas o território ucraniano com 51 drones, 17 dos quais foram intercetados pelas defesas aéreas, anunciou a Força Aérea da Ucrânia. O ataque com aparelhos não tripulados de fabrico iraniano teve como principal objetivo a região de Sumi, noroeste da Ucrânia, próxima da fronteira com a Rússia. O abastecimento de energia elétrica foi afetado tendo sido acionadas fontes alternativas para manter a funcionar hospitais bem como o serviço público de distribuição de água.

⇒ O exército russo tomou a cidade ucraniana de Ukrainsk, na região de Donetsk, avançam a agência noticiosa estatal russa RIA e blogues pró-russos, citados pela agência noticiosa Reuters. As forças russas já tinham cercado a cidade no início deste mês, enquanto continuam a avançar para oeste com o objetivo de conquistar toda a região de Donbass.

⇒ Um russo foi condenado a cinco anos de prisão por criticar a ofensiva na Ucrânia em resposta a perguntas de jornalistas, e foi detido no interior da sala de audiências num tribunal de Moscovo, depois de um recurso da acusação, exigindo uma pena mais dura. Yuri Kokhovets, de 38 anos, já tinha sido considerado culpado, no final de abril, por ter "desacreditado o exército", tendo sido condenado a cinco anos de trabalhos correcionais, mas acabou por ser libertado.

⇒ A empresa tecnológica Meta, dona das redes sociais Facebook e Instagram e da plataforma de mensagens WhatsApp, proibiu vários meios de comunicação estatais russos, incluindo a RT, de aceder às suas plataformas. "Após uma reflexão cuidadosa, estamos a expandir a nossa fiscalização contra os meios de comunicação estatais russos", acrescentou a Meta, num comunicado divulgado na segunda-feira. A RT tinha 7,2 milhões de seguidores no Facebook e um milhão de seguidores no Instagram.

⇒ O Secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, chegou a Teerão, dias após se ter encontrado com o líder norte-coreano Kim Jong Un em Pyongyang, noticia a Reuters. Face a esta visita, o Presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, indicou, citado pelos meios de comunicação social estatais, que “as relações entre Teerão e Moscovo desenvolver-se-ão de forma permanente, contínua e duradoura” e que serão implementadas “medidas destinadas a melhorar o nível” das mesmas.

⇒ O Serviço Federal de Segurança russo (FSB) anunciou que matou um presumível agente dos serviços secretos militares ucranianos (GUR) acusado de tentar efetuar um atentado bombista na Rússia. "Durante a sua detenção, quando estava a colocar um engenho explosivo improvisado num esconderijo, ele [o suspeito] opôs resistência armada e foi neutralizado por fogo de retorno", afirmou o FSB num comunicado citado pela agência francesa AFP. Segundo o FSB, o suspeito era um cidadão russo, nascido em 1984, que foi recrutado pelo GUR.

⇒ O comissário para os Direitos Humanos do Parlamento da Ucrânia, Dmytro Lubinets, denunciou um "novo crime de guerra" alegadamente cometido por soldados russos, acusados de matar um prisioneiro ucraniano com uma espada. A denúncia ocorreu na mesma altura em que foi divulgada uma imagem nas redes sociais que mostra um homem vestido com um uniforme do Exército ucraniano com uma espada cravada no peito. A mesma imagem é acompanhada da legenda "Por Kursk", a região russa atacada recentemente pelas forças de Kiev.