"Não há nada que impeça que a via seja partilhada. O código da estrada permite, neste momento, via partilhada. Nós temos outras vias", disse Rui Moreira aos jornalistas, dando como exemplo a marginal, onde "vão autocarros, vão bicicletas, vão motociclos e vão automóveis".
O autarca, que falava na apresentação da campanha Participa na Segurança Rodoviária, da Polícia Municipal, tinha sido questionado acerca da utilização informal da via do metrobus por ciclistas antes da chegada dos veículos encomendados pela Metro do Porto, que os relegarão para as vias automóveis, já que a Avenida da Boavista não terá ciclovia no seu troço oriental.
Além de duvidar de que os ciclistas estejam atualmente a utilizar o canal do metrobus, algo que já foi constatado pela Lusa em várias ocasiões, Rui Moreira considerou que a circulação de vários meios numa só via "tem uma enorme vantagem, é que reduz a velocidade".
"Portanto, não vejo que por aí haja um problema extraordinário", vincou.
A segregação do tráfego ciclável do automóvel na Avenida da Boavista, por motivos de segurança rodoviária, é uma das principais reivindicações de associações do setor, como a MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, que defende a retirada de uma das vias automóveis em cada sentido, "alargando passeios e adicionando uma ciclovia segregada em todo o percurso".
A associação pediu ainda uma "revisão das opções tomadas no que toca à priorização de formas de mobilidade, protegendo os utilizadores mais vulneráveis, privilegiando os peões, os modos ativos de mobilidade, revendo o projeto com valores consentâneos com as políticas de mobilidade de uma cidade europeia, moderna".
No último mês, morreram quatro ciclistas em incidentes rodoviários em Lisboa, Oliveira de Azeméis, Vila Nova de Famalicão e Cantanhede entre os quais o ex-presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral.
Questionado se não está preocupado com a eventualidade de tal poder vir a acontecer no Porto, Rui Moreira confirmou.
"Mas se nos preocupa, o que temos de fazer? Amainar a velocidade. Se amainarmos a velocidade não há problema", referiu, recordando que antigamente "havia imensas pessoas a andar de bicicleta no meio dos automóveis".
Atualmente o cenário repete-se, mas há mais automóveis a circular nas ruas.
A Avenida da Boavista, que manterá duas vias em cada sentido para os automóveis após as obras do metrobus, registou 118 acidentes que causaram 139 vítimas nos últimos quatro anos, entre os quais dois mortos, noticiou a Lusa em maio.
Rui Moreira foi também questionado sobre se poderia alterar o perfil da Avenida da Boavista quando o canal do metrobus for ocupado pelos veículos que farão o serviço, mas referiu que o canal ainda não foi entregue à Câmara do Porto.
"Têm-nos perguntado porque é que nós aproveitamos o canal enquanto não chegam os novos autocarros. Porque ele não nos foi entregue. Neste momento pertence à Metro do Porto. Esperamos que ele nos venha a ser entregue", frisou.
O autarca disse ainda que hoje passou junto da Casa da Música e ainda "estavam a decorrer obras".
O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
Os veículos definitivos do serviço, cuja chegada está atrasada vários meses, custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.
Os primeiros dois de 12 autocarros a hidrogénio do metrobus do Porto deverão chegar entre final de janeiro e início de fevereiro, revelou à Lusa a Metro do Porto.
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