Os bispos eméritos de Lisboa e de Leiria-Fátima, o bispo de Setúbal e o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana, são os quatros portugueses que participam na escolha do novo Papa.

São respetivamente Manuel Clemente, António Marto, Américo Aguiar e José Tolentino Mendonça, que integram o grupo de 133 cardiais no conclave, os que têm menos de 80 anos, menos dois que estarão ausentes por motivos de saúde.

Os cardeais reunidos no Vaticano fixaram hoje o dia 07 de maio como data para o início do conclave, que irá eleger o sucessor de Francisco, que morreu no passado dia 21 de abril aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).

Na véspera, domingo de Páscoa, Francisco fez a sua última aparição pública, no Vaticano, quando convalescia depois de ter tido alta a 23 de março de um internamento de 38 dias devido a uma pneumonia bilateral.

Nascido como Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.

No próximo dia 04 de maio termina o período de luto pela morte de Francisco e na manhã do dia 07 e de acordo com as regras do Vaticano, os cardeais participarão numa missa solene na Basílica de São Pedro, no Vaticano, antes de os eleitores se reunirem na Capela Sistina, à tarde, para a votação à porta fechada, que poderá durar vários dias.

A eleição no conclave (do latim 'cum clavis' ou fechado à chave) está definida até aos mais ínfimos pormenores na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis e é secreta.

Os cardeais eleitores estão proibidos de trocar cartas, mensagens ou telefonar a alguém do exterior, assim como de ler jornais, ouvir rádio ou ver televisão enquanto durar a reunião, para evitar pressões.

A obrigação de manter segredo estende-se a todos os funcionários do Vaticano que servem os cardeais neste período ou que têm acesso aos locais em que se encontram e quem violar as regras será castigado, podendo mesmo ser expulso da Igreja Católica.

Os cardeais não podem declarar-se candidatos, só podendo ser considerados como tal pelos seus pares durante a eleição, e também não lhes é permitido chegarem a acordos ou fazerem promessas, absterem-se ou votarem em si mesmos.

Para que seja eleito o novo Papa é precisa uma maioria de dois terços, estando prevista a realização de duas votações de manhã e duas à tarde, após cada duas delas os boletins de voto são destruídos num fogão instalado na Capela Sistina e a cor do fumo da queima indica o resultado, preto se o escrutínio continuar, branco se tiver sido escolhido o novo líder dos católicos.

Caso ninguém tenha sido eleito nos primeiros três dias do conclave está previsto um dia de reflexão, que terá de ser seguido de sete outras votações inconclusivas antes de passar a ser necessária apenas uma maioria absoluta.

O Papa Francisco foi eleito à quinta votação, no segundo dia do conclave, enquanto o seu antecessor, Bento XVI, foi escolhido à quarta.

Em ambos os casos, além do fumo branco que saiu da chaminé da Capela Sistina, o toque a repique dos sinos da basílica de São Pedro anunciou a escolha do novo pontífice.

O último ato do conclave é questionar o escolhido sobre se aceita o cargo -- sabendo que a Constituição Apostólica indica que deve "submeter-se humildemente à vontade divina" -- e qual o nome por que pretende ser conhecido.

Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.

O que será o 267.º Papa terá depois de colocar as vestes brancas próprias do cargo e dirigir-se à sacada da Basílica de São Pedro, onde o primeiro cardeal dos diáconos já anunciou "Habemus Papam" ("Temos Papa"), para saudar os fiéis reunidos na praça em frente e dar a bênção "Urbi e Orbi" (à cidade [Roma] e ao mundo).