O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que Deus e o destino lhe confiaram a si e ao exército a "missão" de "defender a Rússia", numa cerimónia de condecoração militar na véspera do terceiro aniversário da invasão à Ucrânia.

"O destino quis assim, Deus quis assim, se assim posso dizer. Uma missão tão difícil quanto honrosa - defender a Rússia - foi colocada sobre os nossos ombros e os vossos em conjunto", disse o Presidente russo, citado pela agência France-Presse (AFP).

Aproximação entre Moscovo e Washington

Moscovo e Washington iniciaram um diálogo direto nas últimas semanas, enquanto Donald Trump e Vladimir Putin se tornaram mais próximos.

Russos e norte-americanos reuniram-se terça-feira na Arábia Saudita para iniciar o restabelecimento das suas relações, encontro denunciado por Volodymyr Zelensky que teme um acordo sobre a Ucrânia nas suas costas.

Uma nova reunião está marcada para “as próximas semanas”, anunciou no sábado o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

Rússia não cede territórios na Ucrânia

Este domingo o Kremlin veio garantir que "nunca venderá" os territórios ucranianos que ocupa na Ucrânia, cerca de 20%, numa altura em que Moscovo e Washington mantêm conversações bilaterais para pôr fim ao conflito.

"A coisa mais importante para nós é que as pessoas (nesses territórios) decidiram há muito tempo juntar-se à Rússia. E nunca ninguém vai vender estes territórios", afirmou hoje o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, à televisão estatal, dando a entender que Moscovo não tem qualquer intenção de fazer concessões sobre as conquistas militares.

O porta-voz do Kremlin classificou ainda de "promissor" o diálogo entre Vladimir Putin e Donald Trump, que se mostra cada vez mais hostil em relação à Ucrânia.

"O diálogo está a decorrer entre dois presidentes verdadeiramente notáveis. É promissor. É importante que nada impeça a implementação da sua vontade política", disse ainda Peskov, ao mesmo canal.

Por outro lado, considerou "compreensíveis" os comentários hostis de Trump em relação a Zelensky.

Trump tinha prometido acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa há três anos, mas desde uma conversa telefónica com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em 12 de fevereiro, retomou a retórica do Kremlin sobre a responsabilidade das autoridades ucranianas no conflito e descreveu o Presidente ucraniano como um "ditador sem eleições".

Na sexta-feira, o Presidente republicano afirmou que a presença do Presidente ucraniano nas conversações para pôr fim à guerra não era "muito importante".

A aproximação entre Washington e Moscovo levou a maioria das capitais europeias a temer que a Rússia se torne ainda mais poderosa no continente.

Na segunda-feira, a Ucrânia assinala o terceiro aniversário do início da invasão russa, que desencadeou uma guerra com um balanço de perdas humanas e materiais de dimensão ainda não inteiramente apurada.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e militar dos aliados ocidentais.