
O socialistas António Mendonça Mendes reconhece que o PS está a atravessar uma fase difícil, mas recusa dramatismos. Em entrevista à Renascença e ao Público, o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais critica ainda a conduta do atual Presidente da República e desafia o PSD a escolher compromissos no "campo democrata", em vez de assumir "agendas radicais e populistas".
Na entrevista divulga esta quinta-feira, o dirigente do PS reconheceu que o momento que o partido atravessa é difícil, mas recusa dramatizar a situação.
"O PS precisa de agir coletivamente, precisa de mobilizar todas as suas forças. Não sejamos demasiado dramáticos. A situação é difícil, mas só temos de arregaçar as mangas e ir em frente."
Para o deputado socialista, o "mais importante" é que a nova liderança do PS consiga a mobilização de todo o partido "com a sua diversidade".
Mendonça Mendes considerou ainda que o PS deve aproveitar o momento para se reinventar e que não pode ter pressa de voltar a governar o país.
"O PS não pode mostrar nenhuma pressa de voltar ao poder, porque, neste momento, os portugueses escolheram e escolheram de forma clara. O PS deve aproveitar este tempo para olhar, do ponto de vista programático, para as respostas para os novos desafios, e ter a capacidade de fazer a sua renovação de quadros."
No discurso de derrota nas legislativas, no domingo à noite, Pedro Nuno Santos anunciou a demissão de secretário-geral do PS e admitiu que estava disponível para uma saída imediata, que deverá acontecer no próprio sábado, no dia em que a Comissão Nacional do partido reúne para decidir os próximos passos.
O presidente do PS, Carlos César, vai ocupar interinamente o lugar de secretário-geral do partido e deverá propor à Comissão Nacional a realização de eleições no final de junho ou no primeiro fim de semana de julho.
Compromissos no "campo democrata" vs "agendas radicais e populistas"
Mendonça Mendes afirmou que "ficaria surpreendido" se o PSD deixasse que a revisão constitucional fosse influenciada pelas agendas populista do Chega e radical da Iniciativa Liberal.
Na entrevista, deu como exemplo a revisão constitucional que a IL quer fazer e afirmou que o PSD tem uma "responsabilidade histórica".
" O PSD tem uma responsabilidade histórica - e estou a medir bem a palavra - se quer que o país tenha compromissos dentro do campo democrata ou se irá fazer uma opção por uma tática e que isso implique uma esfera de influência junto do poder, quer das agendas radicais como da Iniciativa Liberal, quer da agenda populista do partido de extrema-direita. "
À saída da audiência com o Presidente da República, o líder da IL, Rui Rocha, revelou que o partido vai apresentar um projeto de revisão constitucional para diminuir o papel do Estado na economia.
As críticas a Marcelo Rebelo de Sousa
Na entrevista, deixou ainda críticas à conduta de Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República, dizendo mesmo que o líder se tornou um fator de instabilidade.
"O atual Presidente da República tornou-se um fator de instabilidade a partir do momento em que colocou os orçamentos equiparados a moções de confiança aos Governos. Fez isso com o governo do PS e com o do PSD. "
O socialista disse ter esperança que o próximo Presidente da República aja de forma diferente e que acabe com essa doutrina, "que é uma doutrina que não cabe sequer na nossa Constituição".