"O que está a acontecer é uma estratégia de dissuadir as informações, o Governo não está a pagar. Há professores que mereciam receber entre 80 a 100 mil meticais por dez meses letivos de 2023 e estão a receber somente três mil", disse hoje à Lusa o porta-voz da Associação Nacional dos Professores (Anapro), Marcos Mulima.
Em causa está o anúncio, por parte do diretor provincial da Educação da Zambézia, Joaquim Casal, do pagamento de mais de 98 milhões de meticais (1,4 milhões de euros) destinados a cerca de 1.600 professores que lecionam em 329 escolas de nove distritos da província, pelas horas extraordinárias de 2023.
"O representante a nível da província sai e mente ao público, usa da mentira [...] que já estão a quase 99% do pagamento das horas extras em Zambézia", disse Marcos Mulima.
De acordo com o porta-voz, os pagamentos naquela província são feitos de forma dispersa e incompleta.
O representante aponta ainda que esta é uma estratégia para dispersar a atenção dos professores e dos defensores da classe e que as informações "extremamente falsas condicionam os ânimos da classe".
"O que vier nos próximos momentos, que as direções provinciais não reclamem, que o Governo não reclame porque nós, como defensores da classe iremos persuadir os professores para não aceitarem a abertura do ano letivo e muito menos aderir aos exames especiais", concluiu.
No dia 03 de janeiro os professores moçambicanos ameaçaram boicotar "exames especiais" agendados para alunos que não conseguiram realizar provas nacionais em dezembro face às paralisações da classe e aos protestos pós-eleitorais até o Governo pagar horas extraordinárias em atraso.
"Primeiro que paguem todas as horas extra em atraso, depois vamos controlar os exames especiais, do contrário, vão dizer que estamos a boicotar os exames, enquanto estamos a exigir os nossos direitos", disse o porta-voz da Associação Nacional dos Professores (Anapro), Marcos Mulima, em declarações à Lusa face aos "exames especiais" para estudante da 10.ª e 12.ª classes, agendados para decorrer de 20 a 24 de janeiro.
Entre outros aspetos, os professores moçambicanos reclamam atrasos no pagamento de horas extraordinárias de dois meses e 18 dias de 2022, de todo o ano de 2023 e também de todo o 2024, bem como "melhor enquadramento" na Tabela Salarial Única (TSU).
LYCE (PYME) // VM
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