O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou esta segunda-feira, numa declaração ao país, a demissão da presidência do Partido Liberal, que liderava há 11 anos.
"Tenciono demitir-me do cargo de líder do partido e de primeiro-ministro assim que o partido tiver escolhido o seu próximo líder", disse aos jornalistas na capital, Otava.
"Este país merece uma verdadeira escolha nas próximas eleições. Tornou-se claro para mim que se tiver de travar batalhas internas, não posso ser primeiro-ministro", disse o governante.
O anúncio surge num período conturbado para o Governo canadiano, depois da demissão, em dezembro, da vice-primeira-ministra e ministra das Finanças, Chrystia Freeland.
A crise política acentuou-se nas últimas semanas, embalada pelas ameaças de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 25% sobre todos os produtos que entram nos EUA vindos do Canadá.
Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do Canadá e o destino de 75% das suas exportações. Cerca de dois milhões de canadianos, numa população de 41 milhões, dependem dos Estados Unidos.
Quase dez anos depois de ter chegado ao poder, Justin Trudeau, de 53 anos, estava sob pressão há semanas, com a aproximação das eleições gerais numa altura em que o Partido Liberal do Canadá (PLD) está mal colocado em diversas sondagens.
Quem se segue?
Durante o período festivo, várias personalidades trabalharam nos bastidores para assumir a liderança do partido e, segundo uma fonte do Partido Liberal, o ex-governador do Banco do Canadá, Mark Carney, 59 anos, conselheiro económico do partido desde o verão passado, fez numerosos telefonemas nos últimos dias para obter o seu apoio. Tal como a antiga vice-primeira-ministra Chrystia Freeland.
O partido deverá realizar uma reunião importante na quarta-feira.
Mas há uma série de desafios à espera do sucessor de Trudeau, segundo os especialistas, que apostam numa vitória dos conservadores nas próximas eleições.
"É uma causa perdida", afirmou André Lamoureux, especialista em ciências políticas da Universidade do Quebeque em Montreal (UQAM).
"Ninguém no Partido Liberal está hoje em condições de recriar um entusiasmo, um movimento de adesão", destacou o académico, em declarações à agência Lusa.
Justin Trudeau procurou durante muito tempo o seu próprio caminho, nas mais diversas atividades: pugilista amador, instrutor de snowboard, professor de inglês e francês.
Enquanto primeiro-ministro, fez do Canadá o segundo país do mundo a legalizar a canábis, introduziu a assistência médica na morte e um imposto sobre o carbono, lançou um inquérito público sobre as mulheres aborígenes desaparecidas e assassinadas e pretende ainda assinar uma versão atualizada do Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA).
Com Lusa