Pelo menos 30 pessoas foram detidas este domingo no centro de Istambul quando participavam numa Marcha do Orgulho, considerada ilegal pelo Presidente nacionalista Tayyip Erdogan. Na Hungria, onde os eventos LGBT+ também estão proibidos, o primeiro-ministro Viktor Orban acusou a União Europeia de orquestrar a marcha “repulsiva e vergonhosa” que se realizou no sábado e na qual desfilaram cerca de 200 mil pessoas.

A polícia turca prendeu pelo menos 30 pessoas no centro de Istambul, de acordo com a informação avançada à agência Reuters por Kezban Konukcu, um deputado da oposição do Partido pró-curdo da Igualdade e Democracia dos Povos, que participou na marcha.

A marcha tinha sido considerada ilegal pelo gabinete do governador de Instambul, a maior cidade da Turquia, apesar de este tipo de eventos, em defesa dos direitos da comunidade LGBTQIA+, estarem proibidos desde 2015. As marchas habitualmente realizam-se em junho por ser o mês do Orgulho Gay (Pride).

Na Hungria, entre 180 mil e 200 mil pessoas desfilaram este sábado em Budapeste, de acordo com a responsável que organizou o evento, Viktoria Radvanyi. “É difícil estimar o número exato porque nunca houve tanta gente no Orgulho de Budapeste”, disse, em declarações à agência France Presse.

Apesar da proibição decretada pelo primeiro-ministro nacionalista e conservador Viktor Orban, o presidente da câmara de Budapeste, Gergely Karacsony, anunciou que a marcha iria acontecer na mesma, enquanto evento municipal. “Obrigado, Viktor Orban, por promover uma sociedade mais tolerante”, escreveu ironicamente no Facebook.

Orban descreveu a Marcha do Orgulho como “repulsiva e vergonhosa”, e acusou a União Europeia de ter dado instruções a políticos da oposição para organizarem o desfile. As declarações foram feitas este domingo num grupo online fechado só para os seus eleitores, chamado Fight Club. Gergely Karacsony, que pertence ao partido Diálogo, de esquerda e ecologista, já foi acusado por Orban de ser um “fantoche de Bruxelas”.

A marcha LGBT em Budapeste acabou também por se tornar um protesto contra o Governo de Viktor Orban, com os participantes a ignorarem as medidas repressivas anunciadas. Apesar de pertencer à UE, ao contrário da Turquia, a Hungria tem sofrido alguns recuos em matéria de direitos humanos e de liberdades democráticas nos últimos anos.