A polícia terá, nesta terça-feira, invadido a casa de Odair Moniz, baleado mortalmente por um agente da PSP na Cova da Moura, na Amadora. Alegadamente, terão entrado 15 agentes da PSP, agredindo uma jovem de 19 anos, relatou a irmã da viúva, que estava no local com outros familiares. A porta da casa ficou partida, bem como um móvel que estava à entrada.

"Hoje, estávamos aqui todos sentados, e de repente ouvimos um barulho e vieram os polícias a gritar e a dar com [cassetetes] aqui na porta. Agrediram a minha sobrinha de 19 anos e só os conseguimos parar quando eu disse 'já mataram um e querem matar outros'. Se eu não [tivesse dito isto], eles entravam aqui dentro e batiam em todas as pessoas", relatou, à SIC, a irmã da viúva de Odair, Sílvia Silva.

A cunhada do homem morto na Cova da Moura garantiu que não houve motivo nenhum para que a sobrinha fosse agredida – "bateram na primeira pessoa que viram". Neste momento, segundo contou, apesar de ter sido atingida com um [cassetete] nas costas, não chegou a ser assistida pelo INEM e já se encontra bem.

O que também não tem explicação, segundo confirmou, à SIC, foi a entrada da polícia na casa. Na primeira vez que lá entraram não deram qualquer justificação, mas na segunda vez pediram para falar com as pessoas que se encontravam na habitação e disseram que "foram agredidos com pedras", tendo sido essa a justificação para forçarem a entrada. A irmã da viúva de Odair garantiu que as pessoas que estavam presentes na casa não estiveram envolvidas nessa situação relatada pelas autoridades.

No entanto, esta noite, a PSP disse que não tinha conhecimento da entrada de agentes policiais na casa de familiares da vítima mortal no bairro Cova da Moura.

Quanto à versão que a polícia contou (o homem terá resistido à detenção e tentou agredir agentes com arma branca), a família diz que Odair não era pessoa que apresentava perigo.

"O Odair não era uma pessoa de sair muito. Ele não é de beber nem de fazer asneiras. Não representaria qualquer perigo para as autoridades", referiu ainda Sílvia Silva.

Já sobre o carro que alegadamente Odair teria roubado, a mesma familiar garante que o veículo era do próprio e que há documentos que o comprovam.

"Os polícias perceberam que cometeram um erro [ao matar Odair]. (...) São polícias inexperientes, nem sabem o que estão a fazer. Para mostrarem serviço, chegam e matam".

O agente da PSP que disparou foi constituído arguido. A notícia foi confirmada esta terça-feira pela SIC que apurou que o agente já foi interrogado pela Polícia Judiciária e entregou a arma às autoridades.

Sílvia Silva acredita que não será feita justiça. "Eles ficam arguidos só um dia ou dois, depois ficam com a vida normal e nós é que ficamos aqui a chorar, com mágoa e com saudades da pessoa que já foi".