
"No caso português, no caso da Península Ibérica, já passaram 11 anos desde que Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia subscreveram, assinaram compromissos para acrescentar capacidade de interligação, nomeadamente do ponto de vista elétrico e nós continuamos a achar que é viável atingir, até 2030, pelo menos a possibilidade de haver uma capacidade de transição de 15% da nossa capacidade elétrica com a Europa", disse o chefe de Governo.
Falando à entrada de uma cimeira europeia dedicada ao tema da competitividade económica para financiar prioridades como a defesa e segurança, Luís Montenegro acrescentou: "Hoje andaremos na casa dos 2-3% dessa capacidade e é absolutamente imperdoável se continuarmos a contemplar este assunto e não o tratarmos".
Vincando ser "muito importante que a Europa não se atrase mais" em ter um mercado energético comum, o primeiro-ministro destacou a "referência específica [nas conclusões do Conselho Europeu] às interligações, que tem sido um cavalo de batalha de Portugal".
"Temos que passar das palavras aos atos, não vale a pena estarmos sempre a reiterar a necessidade de termos uma política comum, de termos uma política de formação de preço comum, de baixarmos esse custo e depois não criarmos as infraestruturas que verdadeiramente o podem potenciar", adiantou Luís Montenegro.
Segundo uma versão preliminar das conclusões que serão adotadas na cimeira europeia, a que a agência Lusa teve acesso, os 27 chefes de Governo e de Estado da UE vão apelar a "uma intensificação urgente de todos os esforços a nível da União e dos Estados-membros" para baixar os preços da luz e melhorar a acessibilidade, o que passa por "investimentos em redes, armazenamento e interligações".
Há vários anos que é discutido um reforço das interconexões energéticas entre Portugal e a UE, sem nunca terem avançado na totalidade, apesar de serem importantes para aumentar a segurança energética, reduzir a dependência de combustíveis fósseis, baixar custos e facilitar a transição para energias renováveis.
Este Conselho Europeu, que entretanto começou em Bruxelas e se pode estender até sexta-feira, é dedicado ao tema da competitividade económica para financiar as necessidades de investimento em defesa, mas será dominado pela atualidade quando se fala de um eventual cessar-fogo parcial na Ucrânia.
Além da questão ucraniana, a reunião do Conselho Europeu servirá para debater as próximas medidas em matéria de defesa, nomeadamente após a Comissão Europeia ter proposto um plano de rearmamento no valor de 800 mil milhões de euros e apresentado um livro branco com medidas a serem adotadas até 2030, numa altura em que a UE acelera os esforços para reforçar as suas capacidades militares face aos desafios imediatos e futuros.
Ainda no que toca ao financiamento, os líderes da UE vão ter uma primeira troca de pontos de vista sobre o próximo orçamento de longo prazo (2028-2034) e os novos recursos próprios para o suportarem, antes de a Comissão Europeia apresentar a sua proposta no próximo verão.
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