
Pelo menos seis pessoas morreram hoje na sequência de um bombardeamento atribuído às forças paramilitares no centro do Sudão, país que enfrenta também uma epidemia de cólera com dezenas de mortos nos últimos dias.
"A milícia lançou um ataque com drones contra o hospital da Segurança Social na cidade de El-Obeid, provocando seis mortos e doze feridos", revelou uma fonte militar à agência AFP, referindo-se às Forças de Apoio Rápido (RSF).
Em guerra com o exército sudanês desde abril de 2023, os paramilitares atacaram ainda "bairros residenciais com artilharia pesada", tendo visado um segundo hospital, adiantou a mesma fonte.
Uma fonte médica do principal hospital de El-Obeid confirmou o balanço de seis mortos e indicou que o hospital da Segurança Social foi forçado a encerrar devido aos danos causados pelo ataque.
Desde abril de 2023 que o Sudão, terceiro maior país de África, está mergulhado numa guerra pelo poder entre o chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto desde o golpe de Estado de 2021, e o seu antigo adjunto, Mohamed Hamdane Daglo, comandante das RSF.
O país está efetivamente dividido: o Exército controla o centro, norte e leste, enquanto os paramilitares dominam quase todo o Darfur e partes do sul.
O conflito já provocou dezenas de milhares de mortos, deslocou 13 milhões de pessoas e originou aquela que a ONU classifica como "a pior crise humanitária" em curso no mundo.
Na quinta-feira, o Ministério da Saúde do Sudão anunciou que uma nova vaga de cólera provocou já 70 mortes em apenas dois dias na capital, Cartum.
A epidemia agravou-se após semanas de ataques com drones atribuídos às RSF, que destruíram o abastecimento de água e eletricidade em Cartum.
Segundo a UNICEF, mais de um milhão de crianças correm o risco de contrair cólera no Estado de Cartum. Desde o início do ano, foram registados mais de 7.700 casos, 1.000 dos quais em crianças com menos de cinco anos, e 185 mortes.
A ONU teme, no entanto, que o número real seja mais elevado, prevendo-se um agravamento com a chegada da época das chuvas, em junho, que dificulta a assistência humanitária.