
"Há um julgamento pessoal e político que somos chamados a fazer sobre a idoneidade, sobre a credibilidade, sobre a confiança que Luís Montenegro merece de todos nós. E apesar de tudo o que não sabemos - e é muito -, o que sabemos já é suficiente para ter a convicção de que Luís Montenegro não reúne as qualidades para poder ser primeiro-ministro", sentenciou Pedro Nuno Santos, este sábado, na apresentação dos candidatos autárquicos do PS ao distrito do Porto.
O líder socialista insiste que a responsabilidade pela crise política é exclusivamente de Luís Montenegro, que fez chantagem com o Parlamento: "Se o primeiro-ministro não tivesse tomado decisões irresponsáveis e levianas, não estaríamos agora nesta situação", criticou, lembrando que o PS travou duas moções de censura ao Executivo e que sempre afirmou que não aprovaria moções de confiança.
Pedro Nuno Santos diz que os "traços pessoais" do atual primeiro-ministro também se refletem na forma "pouco séria com que o governo se tem relacionado com o país e os portugueses", e aponta exemplos:
"Não é por acaso que o Governo de Luís Montenegro tentou no ano passado anunciar como sua uma descida de IRS que havia sido, na quase totalidade decidida pelo PS. Não é por acaso que o governo de Luís Montenegro tentou manipular os dados sobre o número de alunos sem professor, não é por acaso que o governo de Luís Montenegro nunca assumiu a culpa pelo caos que instalou no SNS ou pela gestão irresponsável que fez da greve no INEM".
Numa alusão à polémica em torno da empresa Spinumviva, criada por Montenegro em 2021, antes de ser primeiro-ministro, o secretário-geral dos socialistas enfatizou ainda que um líder político "tem a obrigação de ser transparente" e humilde e não pode fugir ao escrutínio:
"Eu próprio sei a importância destes traços; eu próprio já fui alvo de escrutínio, também eu tive de me explicar ao país", afirmou, "eu sei que a transparência não é uma opção: é uma obrigação". A diferença, conclui, está na forma como os líderes enfrentam esse tipo de situação: "Há quem negue e fuja e há quem assuma e aprenda".