O líder do PCP garantiu hoje que na campanha eleitoral falará "da vida de 10 milhões de pessoas" e não "da de uma", mas avisou que "a afirmação política" será que o primeiro-ministro devia ter se demitido "há um mês".

"Ou nós falamos da vida de uma pessoa ou nós falamos da vida de 10 milhões de pessoas e nós vamos optar por falar da vida de 10 milhões de pessoas, nas pensões, na habitação, na saúde, dos direitos das crianças, da paz e dos caminhos da paz, essa vai ser a nossa opção", garantiu Paulo Raimundo, no Porto, à margem da inauguração do mural "Cumprir", em homenagem ao 25 de Abril.

No entanto, o secretário-geral do PCP deixou um aviso: "Há uma coisa que eu lhe vou dizer com toda a franqueza, esta clarificação de que o primeiro-ministro (...) se devia ter demitido vai ser uma constante na nossa afirmação política durante a campanha eleitoral porque não há mais nada que venha a ser descoberto ou que possa ser explicado que altere este facto".

E continuou: "Luis Montenegro devia-se ter demitido, era esse o grande contributo que devia ter dado para a credibilização da vida política nacional, não o fez, decidiu passar por cima, salvar a sua imagem", criticou.

Questionado sobre a intenção do Governo de baixar as taxas de IRS, Paulo Raimundo considerou que o executivo está a fazer propaganda: "Temos sido confrontados com duas linhas fundamentais, propaganda, que é os anúncios que vão haver manhã, estamos em campanha eleitoral, mais uma carga de anúncios e depois a realidade".

E a realidade, disse, "é que aquilo que desceu de forma significativa, aquilo que fez a diferença, foi a descida do IRC para as grandes empresas, 365 milhões de descida do IRC para as grandes empresas".

"Para a maioria de todos nós, propaganda, para as grandes empresas descida efetiva de 365 milhões de euros", apontou.

O PCP inaugurou hoje no Porto, junto à estação de metro da Trindade, o mural "Cumprir", da autoria do artista Miguel Januário, que junta 736 azulejos criados por artistas, crianças e "por quem quis" em várias oficinas pelo país, ao longo dos últimos dois anos.

"Abril não é uma memória, nem será uma memória. É uma esfera de valores mais justa e mais digna e estará aqui sempre alguém para o defender", afirmou, na cerimónia de inauguração da obra, Miguel Januário.