Neste sexto episódio do “Porque Falha o Estado” falo com Paulo Portas sobre um mundo em inversão de ciclo, com os governos ocidentais à procura de um rumo quando o seu principal aliado parece largar a globalização e os aliados e recuar ao protecionismo e à geopolítica das potências.
Paulo Portas, ex-ministro de dois Governos, lembra as virtudes de um mundo interdependente e alerta para o que acredita ser a origem dos problemas nas democracias ocidentais: não uma crise do capitalismo, mas o interesse dos algoritmos.
“O mantra do algoritmo é a discórdia. Os argumentos viram insultos e as sociedades ficam tribalizadas”, afirma, vincando que “nas democracias o que dá likes é o protecionismo. Dá likes e prejuízos”.
Pedindo “uma declaração de independência em relação às vanguardas digitais”, Portas acredita que a “Administração americana vai recuar passo a passo”, e que talvez o fim do trumpismo comece daqui a ano e meio. Mas acredita que a Europa tem dilemas urgentes para resolver: encarar de frente a defesa comum contra o imperialismo de Putin e atacar de frente os obstáculos ao seu desenvolvimento: “Temos três problemas, difíceis de resolver numa democracia de gritaria. Eles não ocupam nem 5% do espaço público das discussões”.
Serve de aviso para Portugal, onde recomenda a revisão dos cenários macro-económicos. Mas sem estabilidade, sublinha, não haverá caminho. Conselhos? “O bom-senso, que é o bem mais raro do mercado”.
Este é o sexto episódio de “Porque falha o Estado?”. Aqui há consensos e divergências, mas nenhuma campanha. Siga connosco.
Se está farto de se queixar dos serviços públicos com poucos recursos ou mau funcionamento, das obras públicas que não avançam e dos problemas que nunca se resolvem, apesar dos impostos que paga, este podcast é para si. Numa série de conversas semanais, até às eleições legislativas, tentamos perceber em Porque Falha o Estado? as frustrações de quem esteve no centro dos governos. Oiça o novo podcast do Expresso, conduzido por David Dinis, no site do jornal, da SIC e da SIC Notícias.