
O partido anti-imigração Democratas da Suécia (SD) apresentou hoje um longo relatório sobre as suas origens, pormenorizando as ligações com organizações fascistas e nazis, bem como opiniões xenófobas e antissemitas de membros da força política.
O SD encomendou este "livro branco" em 2021 para pôr fim às especulações sobre as origens da força partidária. O líder do SD desde 2005, Jimmie Akesson, procura há muito tempo melhorar a imagem do partido.
O relatório, de 900 páginas, observa que o partido foi fundado em 1988 a partir do grupo nacionalista e revolucionário de extrema-direita Bevara Sverige Svenskt (BSS, Manter a Suécia Sueca).
O princípio do partido SD no final da década de 1980 e início dos anos 90 foi marcado pelo "etnonacionalismo", uma forma de nacionalismo em que a "nação" é definida em termos de pertença étnica. Os opositores a este movimento, bem como os imigrantes, são considerados "inimigos", explicou o historiador Tony Gustafsson, autor do relatório, durante uma conferência de imprensa.
Dos 22 membros fundadores cuja identidade foi estabelecida, 18 têm ligações "diretas ou indiretas" com o BSS.
As relações com grupos nazis permaneceram estreitas até meados da década de 1990, destacou Gustafsson, lembrando que alguns candidatos dos SD nas eleições legislativas de 1994 eram membros do partido nacional-socialista Nordiska Rikspartiet e do Vitt Ariskt Motstånd (Resistência Ariana Branca).
Estes últimos "participaram em manifestações organizadas pelos Democratas da Suécia e parecem ter atuado como uma espécie de agentes de segurança oficiosos", destacou o historiador.
Uma manifestação em Gotemburgo em 1993, por exemplo, inspirou-se nos rituais e na "dramaturgia" do partido nazi alemão NSDAP, segundo Gustafsson.
No início dos anos 90, o SD organizou ainda concertos de grupos supremacistas brancos e os membros da liga juvenil do partido cumprimentavam-se dizendo "hell!", a versão sueca do "heil!" alemão.
Encarado como um elemento marginal da política sueca durante muito tempo, o partido ganhou importância sob a liderança de Jimmie Akesson que, representado no parlamento desde 2010, tornou-se a segunda força política da Suécia nas eleições de 2022, com 20,5% dos votos. Hoje, apoia o governo conservador de direita do primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.
O principal ideólogo do partido, o deputado Mattias Karlsson, declarou estar "zangado e revoltado" com as conclusões do relatório.
"É um facto que o meu partido foi fundado de forma problemática por pessoas com opiniões, em certa medida, repreensíveis", reconheceu.
Na véspera, porém, já Akesson tinha feito o seu 'mea culpa'.
"Peço desculpa, pessoalmente e em nome dos Democratas da Suécia", pelo facto de "em certa altura, o partido ter acolhido pessoas com opiniões antissemitas", afirmou.
Em 2012, foi incutida no SD uma política de "tolerância zero" em relação ao racismo, após uma série de escândalos que envolveram alguns membros da força política.