
O Papa Leão XIV pediu hoje "responsabilidade e razão" a Israel e ao Irão, dada a "grave deterioração da situação" entre os dois países, e defendeu um compromisso para um mundo livre da ameaça nuclear.
"Nos últimos dias chegaram notícias profundamente preocupantes, dada a grave deterioração da situação entre o Irão e Israel neste momento tão delicado, e, por isso, desejo renovar veementemente o meu apelo à responsabilidade e à razão", afirmou Leão XIV, numa audiência na Basílica de São Pedro, no Vaticano, por ocasião do Jubileu.
O Papa salientou que "o compromisso com a construção de um mundo mais seguro, livre da ameaça nuclear, deve ser procurado através do encontro respeitoso e do diálogo sincero para construir uma paz duradoura, fundada na justiça, na fraternidade e no bem comum".
"Nunca ninguém deve ameaçar a existência de outro e é dever de todos os países apoiar a causa da paz, abrindo caminhos para a reconciliação e promovendo soluções que garantam a segurança e a dignidade de todos", acrescentou o chefe de Estado do Vaticano.
Antes, o líder da Igreja Católica apelou para a construção de "pontes onde hoje há muralhas" nas cidades, pois "assim haverá esperança".
O Papa referiu-se à figura de Irineu, que nasceu na Ásia Menor e depois se estabeleceu na Europa, para salientar que "as comunidades migrantes são presenças que reacendem a fé nos países que as acolhem".
"Os povos enriquecem-se mutuamente", sustentou o Papa.
Referindo o exemplo de Ireneu que, "num mundo fragmentado, aprendeu a pensar melhor, concentrando cada vez mais a sua atenção em Jesus", Leão XIV disse que "Jesus não é um muro que separa, mas uma porta" que une.
"Devemos permanecer n'Ele e distinguir a realidade das ideologias", adiantou, considerando que "as ideias podem enlouquecer e as palavras podem matar", e "só Deus deve ser acolhido e contemplado em cada irmão e irmã, em cada criatura".
Leão XIV insistiu na construção de pontes.
"Nas nossas cidades, construamos pontes onde hoje há muros, abramos portas, liguemos mundos e haverá esperança", acrescentou.
Na sexta-feira, o Papa recebeu o Presidente libanês, Joseph Aoun, e ambos concordaram que a pacificação no Médio Oriente é cada vez mais essencial, após o ataque de Israel ao programa nuclear do Irão.
O Exército de Israel atacou na sexta-feira a capital do Irão e causou pelo menos 78 mortos, incluindo lideranças militares e cientistas, e centenas de feridos, segundo a diplomacia iraniana
Os ataques israelitas, efetuados por 200 aviões contra uma centena de alvos, atingiram sobretudo Teerão (norte) e a central de enriquecimento de urânio de Natanz (centro).
O Irão retaliou lançando centenas de mísseis contra território israelita, com explosões registadas sobre as cidades de Telavive e Jerusalém, que mataram pelo menos três pessoas e deixaram dezenas de feridos.