
O Papa Leão XIV exortou esta quarta-feira os líderes mundiais a sentarem-se e a negociarem para "silenciar as armas" e ofereceu a mediação do Vaticano a todas as partes beligerantes.
"A Santa Sé está disponível para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos", afirmou Leão XIV, ao discursar na audiência no Vaticano aos representantes das 23 Igrejas Católicas do Oriente.
O Papa disse ser necessário que "os povos possam redescobrir a esperança e a dignidade a que têm direito", a dignidade da paz.
"O povo quer a paz e eu, com o coração na mão, digo aos dirigentes do povo: encontremo-nos, falemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem ser silenciadas, porque não resolvem os problemas, mas aumentam-nos."
O apelo do Papa norte-americano surge na véspera de possíveis negociações na cidade turca de Istambul sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Desconhece-se ainda se as conversações de quinta-feira poderão incluir um encontro entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Igrejas Orientais conhecem "em primeira mão os horrores da guerra"
Outras guerras têm causado sofrimento noutras latitudes, como no Médio Oriente, em África ou na Ásia.
Leão XIV disse na Sala Paulo VI, perante milhares de pessoas que se deslocaram para o Jubileu de países como a Síria, a Ucrânia, o Líbano e o Iraque, que as Igrejas Orientais conhecem "em primeira mão os horrores da guerra".
"Ao ponto de o Papa Francisco ter chamado mártires às vossas Igrejas", afirmou, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
"É verdade: da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Médio Oriente a Tigray [Etiópia] e ao Cáucaso, tanta violência."
"A Igreja não se cansará de repetir: 'Que as armas se calem'"
O Papa, aplaudido pela audiência, disse que o horror da guerra e "dos massacres de tantas vidas jovens" deviam provocar indignação, "porque em nome da conquista militar morrem pessoas". Pediu que se rezasse pela paz, que descreveu como "reconciliação, perdão, coragem para virar a página e começar de novo".
"Para que esta paz se difunda, farei tudo o que estiver ao meu alcance (...) A Igreja não se cansará de repetir: 'Que as armas se calem'."
Leão XIV disse que os outros não são inimigos, mas seres humanos, "não são pessoas más a odiar, mas pessoas com quem dialogar". E pediu que se fuja "das visões maniqueístas típicas das narrativas violentas, que dividem o mundo entre bons e maus".
Leão XIV rezou pelos cristãos, orientais e latinos, que, especialmente no Médio Oriente, "resistem nas suas terras, mais fortes do que a tentação de as abandonar".
Lançou ainda um novo apelo para que seja dada aos cristãos a oportunidade de permanecerem onde vivem "com todos os direitos necessários para uma existência segura".