O ministro da Defesa do Panamá, Frank Ábrego, rejeitou ontem firmemente a ideia de um regresso das tropas norte-americanas para proteger o canal interoceânico, levantada anteriormente pelo secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth.

"O Panamá deixou claro através do Presidente [José Raul] Mulino que não podemos aceitar bases militares ou locais de defesa", destacou Frank Abrego, ao lado de Hegseth, numa conferência de imprensa na capital panamiana.

O secretário da Defesa norte-americano, que visita o Panamá desde terça-feira, tinha referido anteriormente que "através de exercícios conjuntos (...) é uma oportunidade para relançar, seja uma base militar, uma estação aeronaval, locais onde as tropas norte-americanas podem trabalhar com as tropas panamianas" para proteger o canal que liga o Atlântico e o Pacífico.

"Acolhemos com satisfação a oportunidade de aumentar a nossa presença de tropas ao lado dos panamianos para garantir a soberania do Canal do Panamá", acrescentou Hegseth, referindo-se aos exercícios conjuntos de segurança conduzidos pelos dois países.

Em março, a NBC News, citando duas autoridades norte-americanas não identificadas, noticiou que a Casa Branca tinha "pedido aos militares norte-americanos que considerassem opções para aumentar a presença de tropas norte-americanas no Panamá".

A notícia da NBC News de uma presença militar reforçada gerou surpresa e inquietação no Panamá, uma vez que nenhuma tropa americana esteve estacionada no país nos últimos 25 anos, exceto para estes ocasionais exercícios conjuntos.

As forças norte-americanas intervieram no Panamá em dezembro de 1989 para derrubar o ex-ditador Manuel Antonio Noriega, que foi acusado de tráfico de droga.

Os Estados Unidos iniciaram então, em 1994, um processo de retirada das suas bases militares, instaladas para proteger a via navegável interoceânica, antes de entregarem a gestão do canal ao Panamá, a 31 de dezembro de 1999.

O canal, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, ficou sob controlo panamiano através de tratados bilaterais negociados pelo presidente democrata Jimmy Carter.

Mas o atual presidente, o republicano Donald Trump, ameaçou retomar o seu controlo, sem descartar o uso da força, alegando que é secretamente controlado por Pequim.