A líder da oposição venezuelana María Corina Machado alegou hoje que o Presidente Nicolás Maduro está "mais fraco do que nunca", mostrando-se esperançada com sinais vindos dos Estados Unidos.

Corina Machado saudou a chegada, na terça-feira, aos Estados Unidos de cinco opositores que tinham procurado refúgio na Embaixada da Argentina em Caracas desde março de 2024, dizendo que este episódio dá "confiança e esperança" à oposição.

Os cinco opositores foram para os EUA após negociações diplomáticas entre Buenos Aires, Washington e Caracas.

Os dissidentes, perseguidos pelo regime de Nicolás Maduro pela sua atuação política e por denúncias de violações de direitos humanos, encontravam-se em situação de impasse diplomático há mais de um ano.

"Isto revelou que a fratura no aparelho repressivo é real. E isto deu-nos uma enorme confiança e entusiasmo", disse Corina Machado, referindo-se ao resgate dos cinco opositores.

Para Corina Machado, Maduro "não enfrenta apenas uma crise económica", mas também um "processo de pressão dos cidadãos que demonstra que o povo está decidido a fazer o que deve ser feito".

Durante o seu discurso, por chamada vídeo, num evento organizado pela Fundação Internacional para a Liberdade, em Madrid, Corina Machado defendeu o líder da oposição Edmundo González, dizendo que ele é o real Presidente da Venezuela e lembrou a existência de uma "profunda divisão" dentro do regime venezuelano.

"O terror que eles querem é considerado terrorismo de Estado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos", defendeu a opositora, lamentando que o país, "apesar de ter grandes recursos", tenha a "população mais pobre do continente" sul-americano.

Sobre a perda de espaço da democracia na América Latina, Corina Machado alertou para a existência de elites que estão a controlar o cenário político no continente.

"Vemos como aqueles que são inimigos da liberdade se entendem e se apoiam, a diferentes níveis. Os recursos venezuelanos têm sido utilizados para enfraquecer e desestabilizar o país", acrescentou a opositora.

Por esse motivo, Corina Machado apelou à criação de uma "sociedade construída sobre valores democráticos, consciente do que significa exercer esses valores" e que seja "organizada, com liderança e disposta a servir o público".

Por sua vez, o líder da oposição e ex-candidato presidencial venezuelano Edmundo González alertou para os riscos de "redes criminosas" que "detêm o poder" na Venezuela.

"Pensávamos ter ultrapassado as antigas formas de autoritarismo, mas surgiram outras mais complexas que minam o princípio do Estado de Direito e da soberania popular. Vivemos também tempos marcados por profundas transformações globais. A ordem internacional que emergiu após a Segunda Guerra Mundial, baseada em regras e instituições, dá sinais de enfraquecimento", disse González no seu discurso no evento em Madrid.

"Durante mais de duas décadas, enfrentámos o desmantelamento de instituições, a cooptação da economia e a perseguição de dissidentes. Ficámos também a saber que a sociedade venezuelana demonstrou uma capacidade de resiliência que merece reconhecimento", concluiu González.