Foi aberto um novo processo ligado à Operação Influencer. O Ministério Público está a investigar suspeitas de violação de segredo de Estado, depois de ter sido apreendida, durante buscas em São Bento, uma pen com dados de centenas de espiões e inspetores portugueses. O primeiro-ministro, António Costa, diz desconhecer a existência da pen.

António Rodrigues, ex-membro do Conselho de Fiscalização do SIS, questiona como é que uma informação tão sensível foi parar ao gabinete do primeiro-ministro. Refere que, segundo algumas versões, a 'pen' teria chegado anonimamente, mas sublinha que, ao recebê-la, as opções deveriam ter sido claras: ou destruí-la ou entregá-la às autoridades competentes.

Para o advogado Carlos Melo Alves, a principal suspeita pode ser a violação do segredo de Estado, uma vez que a pen continha a identificação de vários agentes dos serviços de informação. Questiona por que motivo o dispositivo não foi imediatamente entregue à polícia, apontando que a investigação está agora a ser conduzida num processo autónomo, sob segredo de justiça.

Martim Silva, da SIC, refere que a nova investigação parece não estar diretamente ligada ao caso original da Operação Influencer, que envolvia negócios como lítio, hidrogénio e 'data centers'. Numa análise na SIC Notícias, diz que o facto de um dispositivo com informações detalhadas sobre agentes ter ficado tanto tempo num gabinete é "de uma gravidade sem nome".

Já a comentadora da SIC Maria João Marques sublinha a estranheza de um chefe de gabinete receber uma pen com dados tão sensíveis e, em vez de encaminhá-la imediatamente, optar por guardá-la. Também considera inexplicável que nem o novo chefe de gabinete nem António Costa tenham sido informados da sua existência. As críticas dirigidas anteriormente à procuradora Lucília Gago por não ter arquivado o caso parecem agora perder força, uma vez que havia, de facto, matéria para investigar, acrescenta.