Ao DIÁRIO-Saúde, Catarina Nepomuceno começou por apontar as diversas alterações que acontecem dentro da boca com o avançar da idade, explicando que não se resumem apenas aos dentes, que sofrem desgaste, principalmente o esmalte dentário com o uso, estendendo-se também às mucosas, que se tornam mais finas, perdendo a capacidade de cicatrização e, às gengivas, que muitas vezes recuam, deixando uma porção da raiz do dente, que antes estava coberta, visível.

Quando questionada sobre quais os maiores desafios no que toca à saúde oral na terceira idade, a médica dentista, pós-graduada em odontopediatria e diferenciada em geriatria, referiu que passa pelas pessoas realmente aparecerem no consultório, referindo que “há um intervalo de tempo em que muitas vezes desaparecem”, apontando a dificuldade em se deslocar ou a prioridade destinada a outros problemas de saúde como possíveis causas.

É importante não só o médico dentista, porque pode perder o contacto, como também os médicos de família e as equipas de enfermagem fazerem a lembrança para irem ao dentista, para que depois seja possível prevenir problemas no futuro. Catarina Sofia Nepomuceno

O outro desafio enumerado pela especialista em saúde oral, prende-se pela falta de autonomia e alguma perda de independência, tendo chamado à atenção para os restantes factores que podem, igualmente, ter impacto nesta fase da vida.

“Quando falamos numa pessoa nesta fase geriátrica temos de avaliar várias coisas, não só a parte física, doenças que possa ter, medicamentos que possa tomar, como também a parte mental, cognitiva e a parte social. Todos estes factores vão ser bastante importantes para percebermos os desafios que cada pessoa vai ter nesta fase”, sublinhou.

A profissional de saúde abordou quais são as melhores estratégias para evitar a perda de dentes e que situação específica, que acontece muitas vezes com idosos institucionalizados, pode culminar com a alteração do paladar, “que muitas vezes é o único prazer que ainda têm”.

A médica dentista reconheceu a dificuldade de manter muitas vezes a higiene diária por parte dos cuidadores, referindo que “não existe uma receita igual para todos”.

Os cuidadores às vezes ficam frustrados, porque não conseguem ou porque a pessoa, com uma certa idade, já não quer. O que digo é que nem sempre tem de ser o que tem de ser, mas sim o que pode ser nestas idades, mas sempre adaptado e personalizado para cada pessoa.

O uso de medicação tem efeito a nível da cavidade oral a vários níveis, segundo a profissional de saúde, que explicou ainda que efeitos secundários podem surgir e que pormenores podem fazer a diferença.

Fique ainda a par das diversas dicas práticas deixadas por Catarina Nepomuceno e saiba que estudos estão a ser realizados sobre o impacto das infecções orais no agravamento de quadros de demência.