De visita a Kiev, António Costa esteve reunido com o presidente da Ucrânia. Zelensky recebeu o novo presidente do Conselho Europeu, neste que é o primeiro dia do mandato do primeiro português e do primeiro socialista à frente da instituição.

Numa conferência de imprensa conjunta, António Costa sublinhou que foi a Kiev para reafirmar o apoio da UE aos ucranianos e para anunciar mais uma apoio financeiro ao país.

“Tencionamos fornecer mensalmente, ao longo de um ano, 1,5 mil milhões de euros em assistência. Este dinheiro provém das receitas dos ativos russos congelados e pode também ser utilizado para fins militares”, anunicou o presidente do Conselho Europeu.

Por sua vez, Zelensky insistiu que um convite para adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) "é necessário" para "sobrevivência" do país, vincando que isso permitiria ter garantias de segurança na negociação.

"O convite da Ucrânia para aderir à NATO é necessário para a nossa sobrevivência. Estamos a trabalhar a todos os níveis para reforçar a posição da Ucrânia e de toda a comunidade euro-atlântica", disse Volodymyr Zelensky.

Na conferência no Palácio Mariyinsky, em Kiev, junto ao novo presidente do Conselho Europeu, o chefe de Estado ucraniano salientou ainda que só a adesão à NATO daria "garantias de segurança" à Ucrânia e que só isso poderia permitir negociar um cessar-fogo com a Rússia, que invadiu o país em fevereiro de 2022.

Apesar de agradecer o apoio europeu e dos parceiros ocidentais, Zelensky referiu que a Ucrânia "está a combater sozinha" e a proteger a União Europeia (UE), apelando por isso ainda à integração comunitária e a mais sanções por parte do bloco à "frota fantasma" da Rússia, que tem permitido furar as medidas restritivas.

Sobre a questão do alargamento, o presidente do Conselho Europeu falou, por seu lado, numa "decisão geopolítica", na expectativa de que no primeiro semestre de 2025 se registem avanços nas negociações de adesão e que haja uma integração gradual da Ucrânia na UE, começando com a abolição de tarifas roaming e com a interligação em certos aspetos do mercado interno comunitário.

Costa de surpresa em Kiev com Kaja Kallas e Marta Kos

António Costa chegou esta manhã a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da UE, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.

Cerca das 08:00 (hora local, menos duas em Lisboa), como constatou a Lusa no local, António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam hoje funções no executivo comunitário.

A deslocação de alto nível de hoje à Ucrânia acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas energéticas críticas do país e no arranque da estação fria no país, que se teme que seja crítica, razão pela qual a UE já mobilizou ajuda, além do apoio (político, humanitário, militar e financeiro) disponibilizado ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

Surge também dias depois de Zelensky ter afirmado que está preparado para terminar a guerra na Ucrânia em troca da adesão à NATO (das partes não ocupadas do país), mesmo que a Rússia não devolva imediatamente os territórios apreendidos.