O presidente da Câmara Municipal do Porto Santo quebrou o silêncio e denunciou, esta terça-feira, o que classificou como um “clima de perseguição pessoal e familiar” vivido ao longo do actual mandato autárquico.

Na Sessão Solene do Dia do Concelho, o autarca denunciou que, durante os últimos quatro anos, muitos dos que exerceram funções públicas foram alvo de pressões e ataques pessoais injustificados. “Não ficaria bem com a minha consciência se deixasse passar em branco expressões como ‘perseguição’ ou ‘ataque à democracia’, quando aquilo a que assistimos no dia a dia foi precisamente isso - uma perseguição pessoal e familiar a todos os que desempenhavam as suas funções.”, afirmou.

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Discurso de Nuno Batista

Sem revelar nomes, nem casos concretos, o edil sublinhou que optou por se manter em silêncio em vários momentos, por respeito à população.

"Quero que a população do Porto Santo saiba que o meu silêncio e o meu respeito foram por eles. Foi por eles que, num momento certo, não disse aquilo que deveria ter dito. Sempre senti que, a partir do momento em que assumi as responsabilidades que hoje tenho, passaria a ser o representante de todos os porto-santenses - e não apenas daqueles que pensamos que nos escolheram para aqui estar", atirou.

Além disso, Nuno Batista considerou que o tempo de expor publicamente tudo o que aconteceu durante o mandato chegará, em breve, e assegurou que o fará com transparência.

Não chega dizer que se é dono da moralidade e depois, diariamente, prejudicar o trabalho feito - prejudicando, na prática, os porto-santenses. Enquanto aqui estiver, jamais admitirei isso. E assumo hoje um grande compromisso com todos: na hora da verdade, direi, como sempre, com verdade, tudo o que aconteceu durante estes quatro anos. Nuno Batista
Balanço aos quatro anos de mandato

O presidente da Câmara Municipal do Porto Santo apresentou um balanço dos últimos quatro anos de governação, sublinhando o esforço conjunto com o Governo Regional e apontando críticas a quem, no seu entender, procurou travar o progresso do município.

“O Porto Santo está hoje melhor do que há quatro anos”, garantiu o autarca, apontando melhorias na mobilidade que fizeram reduzir a sazonalidade turística. E, por isso, fez questão de reconhecer o apoio do Governo Regional, destacando particularmente o papel do Secretário Regional do Turismo, Eduardo Jesus, que se deslocou até à Ilha Dourada em representação de Miguel Albuquerque.

Foto Fábio Brito
Foto Fábio Brito dnoticias.pt

Neste balanço, Nuno Batista defendeu o trajecto percorrido pela autarquia, sublinhando que muitas das críticas ignoram a realidade orçamental com que se deparou no início do mandato. “Quando muitos diziam que havia pouca obra, esqueciam-se de que o orçamento de investimento era de apenas 400 mil euros - hoje nem chega para comprar uma casa no concelho.”

Sem descurar a “obra física”, o autarca insistiu que a prioridade da autarquia esteve sempre nas pessoas. Exemplo disso foi o Fundo Municipal de Emergência, o apoio às empresas locais com a isenção de derrama e a criação do Banco de Ajudas Técnicas, coordenado pela vereadora Mariana Vasconcelos, com respostas sociais direcionadas às famílias mais vulneráveis.

Num dos momentos mais tensos do discurso, o presidente denunciou entraves à governação. “Não venham com falinhas mansas quando foram responsáveis pelos atrasos de obras fundamentais. Tentaram iludir a população dizendo que é tudo normal”, acusou, recordando que, durante o actual mandato, o Governo Regional caiu por duas vezes.

O autarca sublinhou também o novo vínculo com os jovens através do apoio aos estudantes universitários, ao passe escolar e ao Orçamento Participativo Jovem, que já gerou cerca de 30 propostas. Também valorizou os eventos culturais e desportivos, como os campeonatos internacionais e a transformação das Festas de São João num palco regional, “com impacto directo na economia local”.

O presidente encerrou a sua intervenção com um agradecimento aos que permitiram este percurso, reiterando a sua dedicação ao concelho. “Tenho a minha consciência tranquila. Dei o meu melhor. Sei com quem posso contar para o futuro. E que ‘Porto Santo e os porto-santenses em primeiro lugar’ não seja apenas uma frase feita.”