"Israel agiu no último momento possível perante uma ameaça iminente a si próprio, à região e à comunidade internacional", disse o ministro Gideon Saar na sua conta no X, a propósito do ataque israelita da última semana às instalações nucleares e militares iranianas.  

"O Irão continua a clamar e a agir pela eliminação de Israel. A comunidade internacional tem agora a obrigação de impedir, por todos os meios apropriados, que o regime mais extremista do mundo obtenha a arma mais perigosa", acrescentou Saar na rede social X.

Saar respondeu na rede social a uma mensagem do seu homólogo iraniano, Abbas Araghchi, denunciando as "intenções maliciosas" do chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, que insiste em visitar instalações nucleares iranianas bombardeadas a 22 de junho pelos Estados Unidos durante a guerra entre Israel e o Irão.

Após os ataques israelitas e norte-americanos às instalações nucleares iranianas, o parlamento iraniano aprovou uma lei que suspende a cooperação com a AIEA, o órgão de supervisão da segurança nuclear da ONU, faltando apenas a assinatura do Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, para a decisão entrar em vigor.  

AIEA defende que o Irão, como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear está obrigado a colaborar com a agência da ONU.

Para Gideon Saar, "o regime iraniano continua a ser o mesmo", a "enganar a comunidade internacional e trabalha ativamente para impedir a supervisão eficaz do seu programa nuclear"

Os sucessivos governos israelitas têm sido críticos da supervisão da AIEA sobre o programa nuclear iraniano, que consideram ter permitido a Teerão continuar a enriquecer urânio até ao nível necessário para possuir ogivas nucleares.

Israel --- a única potência nuclear do Médio Oriente, segundo os especialistas --- acusa há anos o Irão de procurar uma bomba atómica, um objetivo que a República Islâmica nega sucessivamente, contrapondo que o seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Alegando uma ameaça "iminente" à sua segurança, Israel atacou o Irão a 13 de junho com o objetivo declarado de destruir os seus programas nuclear e de mísseis.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, num discurso à nação na noite de terça-feira, após a entrada em vigor do cessar-fogo imposto por Washington com o Irão, afirmou que o projeto nuclear iraniano foi "destruído", uma "vitória histórica".

"E se alguém no Irão tentar reconstruir este projeto, agiremos com a mesma determinação, com a mesma intensidade, para frustrar qualquer tentativa", garantiu.  

Na mesma linha, o Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que os ataques no Irão provocaram a destruição total das instalações nucleares visadas.

O diretor da agência de informações norte-americana CIA, John Ratcliffe, também confirmou, em comunicado, que, de acordo com "informações credíveis", o programa nuclear de Teerão foi "gravemente danificado pelos recentes ataques direcionados".

Teerão admitiu, na quarta-feira, que as instalações nucleares foram "consideravelmente danificadas" pelos bombardeamentos israelitas e norte-americanos durante os 12 dias de guerra.

Mas alguns peritos levantaram a possibilidade de o Irão se ter preparado para o ataque, retirando cerca de 400 quilogramas de urânio enriquecido a 60%, nível próximo do limiar de 90% necessário para a conceção de uma ogiva nuclear.

A Casa Branca refuta a hipótese de o Irão ter transferido urânio altamente enriquecido antes dos ataques norte-americano.

"Posso dizer-vos que os Estados Unidos não tiveram qualquer indício de que urânio altamente enriquecido tenha sido removido antes dos ataques", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à emissora norte-americana Fox News.  

 

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